Para o sociólogo brasileiro Glauber Sezerino, membro do Coletivo de Organizações de Solidariedade Internacional, apesar da repressão do governo, do racismo e das dificuldades, a maioria dos imigrantes sabe que uma vitória da extrema direita agravaria a situação, principalmente para uma população como a de Saint-Denis.
Além da perseguição aos muçulmanos, Marine Le Pen pretende priorizar os franceses em empregos e impedir que cidadãos com dupla nacionalidade ocupem cargos públicos, o que afetaria os brasileiros e seus filhos, mesmo os nascidos na França.
"Trabalho com movimentos sociais. No dia seguinte ao resultado do primeiro turno, percebi que muitos militantes de esquerda não votariam no segundo turno. Para eles, não há uma diferença entre Macron e Le Pen", conta Sezerino, que temeu uma vitória da extrema direita.
Esta percepção o fez recorrer às redes para alertar seus conhecidos do campo progressista de que o único voto racional seria em Macron. De acordo com ele, os danos da política migratória de Le Pen "seriam profundos e de difícil recuperação, uma vez terminado seu governo".
"Todo esse programa de preferência nacional dificultaria ainda mais a vida de imigrantes e cidadãos com dupla nacionalidade na França. Além disso, a proposta de referendo sobre a imigração para incluir uma nova lei ainda mais restritiva na Constituição afetaria diretamente os brasileiros, que perderiam a possibilidade de, aos 18 anos, solicitarem a nacionalidade francesa", explica. "Mesmo a possibilidade de adquirir a cidadania francesa via casamento ou em função de uma criança nascida de uma união com um cidadão francês está em xeque. No curto prazo, isso significa dizer que famílias inteiras estariam em risco." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>