Estadão

Para Stellantis, Peugeot e Citroën podem voltar a ter 5% do mercado em 2 anos

O presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, reforçou nesta quinta-feira planos de recuperar volumes perdidos por Peugeot e Citroën nos últimos anos e manteve na mesa a possibilidade de combinação das marcas francesas com Fiat e Jeep em concessionárias de algumas mercados do País. Ele deixou claro, porém, que nenhuma decisão foi tomada em relação à comercialização dos carros das marcas francesas em revendas da Fiat ou da Jeep. "Em algumas praças, se encontrarmos uma fórmula que respeite as marcas, podemos desenhar, mas nada foi decidido", disse Filosa durante entrevista virtual à imprensa.

O objetivo, conforme revelou Filosa, é retomar em 24 meses a participação de mercado que Peugeot e Citroën tinham no Brasil dez anos atrás, quando a dupla respondia por 5% do mercado nacional. No ano passado, as duas marcas ficaram com apenas 1,3% das vendas totais de carros no Brasil.

"Peugeot e Citroën têm muito futuro na Stellantis, muito futuro no Brasil. A gente quer investir nesse futuro", afirmou o executivo.

Ao tratar, durante a entrevista, da sustentabilidade da operação industrial da Peugeot e da Citroën no sul do Rio de Janeiro, ele considerou que, assim como acontece na Argentina, a fábrica das marcas no Brasil é eficiente e competitiva, enfatizando também o objetivo do grupo de proteger todas as plantas na fusão entre Fiat Chrysler e Peugeot Citroën que deu origem à Stellantis.

Da mesma forma, mesmo com as dificuldades trazidas pela pandemia, os investimentos de R$ 16 bilhões no Brasil até 2024 estão mantidos. Filosa adiantou, porém, que parte importante desse montante já foi executada em projetos como a renovação da picape Strada, a produção de motores turbo na fábrica de Betim (MG) e a expansão de capacidade de fornecedores. "Estamos no meio do caminho mesmo", revelou Filosa ao falar do programa de investimentos.

Por outro lado, observou o presidente da Stellantis, a instabilidade do mercado dificulta qualquer plano de introduzir novas marcas, como a alemã Opel, no País.

Repetindo a visão de que a crise de abastecimento passa pelo pior momento, principalmente em razão da falta global de componentes eletrônicos, Filosa admitiu que a montadora talvez tenha que reavaliar o planejamento da produção, embora a demanda venha se comportando dentro do previsto. "Se fosse depender da demanda, a gente manteria todas as previsões, ou mesmo melhoraria a previsão para o Chile. Mas a escassez de componentes é severa e exige replanejamento. Se neste trimestre a gente observar grandes faltas de insumos, vamos ter que fazer um replanejamento", antecipou.

A exemplo da Anfavea, a entidade que representa a indústria nacional de automóveis, a expectativa da Stellantis é de um mercado "um pouco abaixo" de 2,4 milhões de veículos no Brasil em 2021, o que corresponde a um crescimento ao redor de 15% em relação ao ano passado.

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