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Paralisação de ônibus afeta 1,5 mi em SP e motoristas prometem novo ato amanhã

Motoristas e cobradores de ônibus fecharam por duas horas todos os 29 terminais de ônibus na capital paulista na manhã desta quarta-feira, 18. O ato pegou diversos passageiros de surpresa e, segundo a Prefeitura, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pela paralisação. A categoria promete nova manifestação nesta quinta-feira, 19, caso não haja acordo com o sindicato patronal.

Os trabalhadores reivindicam aumento real de 5% no salário, reajuste do tíquete refeição de R$ 19 para R$ 25 e participação nos lucros de R$ 2 mil – o dobro do valor pago no ano passado. A pauta também inclui convênio odontológico gratuito, seguro de vida e auxílio funerário. Já a proposta das empresas de transportes foi de reajuste salarial de 2,31%, abaixo da inflação, e do tíquete refeição.

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Funcionários do Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas), Valdevan Noventa, afirmou que está previsto novo ato nesta quinta-feira, 19, das 14h às 16h. A categoria também fará assembleia na próxima sexta-feira, 20, às 16h, para decidir se entra em greve a partir da próxima semana. “Caso não haja acordo, com certeza a população vai ser a mais prejudicada”, disse.

Paralisação

Em campanha salarial, os motoristas estacionaram os ônibus, bloquearam os terminais e cruzaram os braços das 10h ao meio-dia. “Essa manifestação é justamente para chamar atenção dos responsáveis que administram a cidade e o transporte”, afirmou Noventa, presente no Terminal Parque D. Pedro II, na região central.

O porteiro Yul Paulino, de 53 anos, chegou ao terminal dez minutos antes da paralisação, mas não conseguiu embarcar. Morador de Cidade Tiradentes, na zona leste, ele costuma gastar cerca de três horas para chegar a Santo Amaro, na zona sul, onde trabalha. “Eu não sabia que ia ter paralisação”, disse. “É uma palhaçada: se quer negociar, que vá para a mesa de reunião. No fim, eles têm direito de parar a cidade e a gente tem direito de ficar parado”, reclamou.

Com a filha de oito meses no colo, a comerciante Beatriz Correia, de 19 anos, era mais uma que estava desavisada sobre o ato. “Minha filha tinha consulta no médico hoje, não podia faltar, mas precisei mandar uma mensagem para o trabalho, avisando que ia atrasar”, disse. Aos 68 anos e operada do fêmur, a doméstica Gelza Souza também foi pega desprevenida após sair de uma consulta médica.
“Resolveram parar logo em dia de chuva. Prejudica, mas a gente também precisa entender que é bom para eles. Sem o motorista, ninguém anda na cidade”, disse.

A professora Manuela Barbosa, de 56 anos, precisou aguardar mais de uma hora no Terminal Bandeira, também no centro, para pegar um ônibus para casa. “Sou a favor de protesto, mas desde que comunique à população para todo mundo se organizar”, disse. “A gente sai de casa e fica sem saber o que fazer com os terminais bloqueados”, afirmou. Moradora da zona norte, a assistente jurídica Jennifer Santos, de 27 anos, também se queixou da falta de aviso. “Se eu soubesse da paralisação, tinha ficado em casa.”

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) classificou a manifestação de motoristas e cobradores como “desnecessária”. Segundo a SPUrbanuss, a reposição salarial de 2,31% foi a “proposta possível”, “diante de um quadro de recessão econômica, aumento dos insumos do transporte público e queda da demanda de passageiros”. De acordo com a nota, as negociações ainda não foram encerradas.

Sanções

“Nós temos acompanhado (a negociação) dia e noite, para que a SPUrbanuss e o sindicato dos trabalhadores entre em acordo, pedindo bom senso”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, em entrevista à Rádio Estadão.
“A Prefeitura tem pagado em dia suas obrigações contratuais com esses concessionários. Mesmo (a paralisação) sendo pontual, fora do horário de pico, acaba causando um transtorno muito grande.”

De acordo com Tatto, uma exigência contratual para as empresas de ônibus é que o serviço não seja paralisado. “Dependendo da situação, podemos acionar tanto o Ministério Público do Trabalho como a Justiça do Trabalho, e eventualmente (aplicar) algumas sanções contratuais.”

Em nota, a Prefeitura afirma que o impasse se trata de uma relação “privada entre empresários e empregados”, mas que acompanha a questão de perto por ser um ser um serviço essencial. Segundo a gestão Fernando Haddad (PT), os subsídios para o sistema de transporte é superior a R$ 2 bilhões neste ano e cerca de 4,5 milhões de pessoas usam o sistema por dia.

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