Um dia após a Ford dar início a demissões de operários na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), funcionários da unidade deflagraram greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira, 10. A paralisação foi aprovada pelos trabalhadores, por unanimidade, durante assembleia no início da manhã na porta da fábrica, onde a empresa produz o New Fiesta e veículos pesados. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, toda a produção deve seguir suspensa. A montadora confirmou a paralisação.
A greve na Ford é pelo menos a décima deflagrada por metalúrgicos em montadoras do País desde o início do ano. Só em agosto, operários da Mercedes-Benz em São Bernardo, da Volkswagen em Taubaté (SP) e da General Motors em São José dos Campos (SP) cruzaram os braços contra anúncios de demissões, algumas das quais acabaram revogadas, como na Mercedes. Entre janeiro e julho, funcionários da Mitsubishi em Catalão (GO), da Volvo em Curitiba (PR), da Chery em Jacareí (SP), da GM em São José e da Volks e da Mercedes em São Bernardo também já tinham parado.
Em nota, a Ford confirmou que está “reduzindo sua força de trabalho” em São Bernardo e justificou que as demissões fazem parte do “esforço” da empresa para adequar a produção à “significativa desaceleração da demanda automotiva”. A montadora ressaltou que os cortes se deram após a companhia ter utilizado “todas as ferramentas possíveis”, como lay-off (suspensão temporária dos contratos), férias coletivas e licença remunerada. A montadora não informou o número de trabalhadores dispensados.
De acordo com balanço preliminar do sindicato, cerca de 200 metalúrgicos foram dispensados. “Os trabalhadores foram comunicados na quarta-feira. Uma parte estava na fábrica, cerca de 80, e outra parte é do grupo que estava em lay-off e em banco de horas. Eles estão sendo informados que serão demitidos no dia 21 de setembro”, informou o diretor do sindicato José Quixabeira de Anchieta. “Vamos ficar parados até que ela revogue as demissões e volte a negociar”, afirmou Anchieta.