Ao longo de 30 anos, o ShowEast consolidou-se como grande evento de cinema que atrai exibidores, distribuidores, produtores, artistas e executivos de várias partes do mundo. É um evento de mercado e, durante a sua realização, técnicos e especialistas participam de debates e seminários não apenas sobre novas tecnologias, mas também sobre ofensivas de marketing destinadas a tornar os filmes cada vez mais competitivos. Um novo ShowEast está em curso em Miami. E a novidade é que Marcio Fraccaroli, executivo da Paris Filmes, com pós-graduação pela Fundação Getúlio Vargas, recebe nesta terça-feira, 18, o prêmio de distribuidor internacional do ano. É a primeira vez que o título vem para o Brasil – uma Copa do mundo da distribuição.
Como se explica essa honraria para um distribuidor brasileiro, e num ano considerado de crise, como o atual?
O ano não está sendo de crise no segmento cinema. No caso específico da Paris, vamos aumentar 5% em número de espectadores e 10% em ingressos vendidos, em relação ao ano passado. Tivemos um verdadeiro fenômeno, que foi Os Dez Mandamentos, com 11,7 milhões de espectadores. E tudo isso chamou a atenção do comitê da ShowEast que nos está outorgando o prêmio.
Justamente, Os Dez Mandamentos. Na época, fomos às salas que deveriam estar lotadas, pela quantidade de ingressos vendidos, e estavam às moscas. Isso não compromete a avaliação?
As sessões foram compradas pelos evangélicos e, antes deles, tivemos operações casadas com espíritas, católicos, todo mundo querendo promover filmes de interesse de suas comunidades. Os ingressos eram distribuídos, e muitas vezes o público não comparecia integralmente. Mas, se você checar com os exibidores, verá que pontualmente podem ter havido sessões vazias, mas elas lotavam, sim. Não houve nenhuma espécie de fraude.
A Paris alcançou esse share (participação no mercado) graças a comédias brasileiras que viraram blockbusters. A crítica queixa-se de que são produtos alienados e alienantes, sem comprometimento estético nem político. Ou seja, a Paris fatura em cima do gosto discutível da massa. Como você vê isso?
Somos uma distribuidora independente, compramos há muito tempo filmes de Woody Allen e de outros autores de arte. No passado, tínhamos três, quatro filmes brasileiros. Este ano, tivemos entre 10 e 15. No ano que vem serão 18. Coproduzimos e distribuímos. E não são só blockbusters. Um filme como O Namorado de Minha Mulher fez 650 mil espectadores e é um sucesso. Cada filme tem seu tamanho. É preciso respeitar isso. Nossa carteira aposta na diversidade e, além dos brasileiros, temos nossas franquias internacionais – Crepúsculos, Jogos Mortais, Maze Runner. A aposta é na diversidade.
E como um independente chega nesse lugar?
É o desafio. Vi as exposições da Disney e da Universal. São grandes empresas e virão com força total em 2017. Um exibidor da Colômbia está sendo homenageado por competir e ganhar das grandes marcas – Cinépolis, Cinemark. Não minimizamos o valor estético, o conteúdo. Mas é mercado e investimos em estratégias para tornar o nosso mais atraente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.