Dois senadores e dois deputados federais que integraram CPIs da Petrobras em 2014 afirmaram ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato em primeira instância, que o ex-senador Gim Argello nunca os procurou para pedir propinas ou para pedir que não convocassem determinadas empreiteiras.
Os senadores José Pimentel (PT/CE) e Flexa Ribeiro (PSDB/PA) e os deputados Marco Maia (PT/RS) e Carlão Sampaio (PSDB/SP) foram ouvidos por vídeo conferência, na semana passada.
Argello foi preso na Operação Vitória de Pirro, desdobramento da Lava Jato que atribui ao ex-senador o papel de articulador de um suposto plano de blindagem de empreiteiras envolvidas com o cartel instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.
O ex-senador teria exigido R$ 5 milhões de cada empreiteira para poupá-las de convocação da CPI no Senado e da CPMI – ambas abertas em 2014 para investigar ilícitos na estatal petrolífera.
A investigação mostrou que a UTC Engenharia, apontada como líder do clube Vip das construtoras, repassou R$ 5 milhões para partidos de uma coligação indicada por Argello. Outros R$ 350 mil “doados” pela OAS foram parar na conta de uma igreja de Taguatinga, no Distrito Federal, muito frequentada por Argello.
Os quatro políticos ouvidos por Moro declararam que Argello não os procurou para “abafar” as comissões de inquérito.
Marco Maia, que foi relator da CPMI da Petrobras, declarou que a comissão produziu “relatório extremamente consistente, com mais de 900 páginas e 52 indiciamentos, que incluem pessoas que ainda não haviam sido indiciadas pela Polícia Federal em Curitiba.”