Os senadores Chuck Schumer e Kirsten Gillibrand se somaram na sexta-feira a um número crescente de democratas que pedem a renúncia do governador do Estado de Nova York, o democrata Andrew Cuomo. A pressão pela renúncia de Cuomo aumenta diante de novas acusações de assédio sexual e investigações sobre como ele lidou com as mortes de covid-19 em asilos. Na quinta-feira, a Assembleia estadual abriu investigação de impeachment com base nas mesmas alegações.
"Devido às múltiplas alegações de assédio sexual e má conduta, está claro que o governador Cuomo perdeu a confiança de seus parceiros e do povo de Nova York. O governador Cuomo deveria renunciar", disseram Schumer e Gillibrand em um declaração conjunta na sexta-feira.
Nesta semana, um quarto assessor o acusou de comportamento impróprio e encaminhou a queixa ao Departamento de Polícia de Albany. Na sexta-feira, 35 republicanos e oito membros democratas da Assembléia, que soma 150 assentos, disseram apoiar o impeachment do governador, de acordo com uma contagem feita pelo deputado republicano Kieran Lalor. Outros 37 membros pediram a renúncia de Cuomo e que a governadora democrata Kathy Hochul assuma o comando do Estado, também segundo Lalor e declarações públicas.
Ao todo, mais de 130 parlamentares, incluindo a líder da maioria no Senado, Andrea Stewart-Cousins, dizem que Cuomo deve deixar o cargo. Cuomo comentou que tentaria ignorar as críticas e se concentrar no trabalho, que inclui a execução de um orçamento estadual de US$ 193 bilhões, cujo prazo vence em 31 de março. Na sexta-feira, Cuomo afirmou que não renunciaria e que seria imprudente julgá-lo antes da conclusão das investigações.
"Os nova-iorquinos me conhecem. Esperem pelos fatos", disse ele na sexta-feira. "Uma opinião sem fatos é irresponsável. Vou me concentrar no meu trabalho porque temos desafios reais." Há poucos meses, Cuomo era aclamado por liderar um dos Estados mais afetados pela pandemia.
A procuradora-geral do Estado, Letitia James, está supervisionando uma investigação das acusações. O presidente da Assembleia, Carl Heastie, um democrata do Bronx, informou na quinta-feira que o comitê judiciário da casa conduzirá sua própria revisão das alegações contra Cuomo.
No fim de semana passado, o governador ligou para membros da Assembléia estadual e do Senado pedindo que não solicitassem sua renúncia, segundo pessoas a par do assunto e dois parlamentares que receberam as ligações. O consultor político democrata Hank Sheinkopf, que também trabalhou com Cuomo, disse não acreditar que ele renuncie. "Se ele disser que não está concorrendo a um quarto mandato, vai aliviar um pouco a pressão. Mas ele provavelmente não fará isso: quando em sua vida ele abriu mão do controle?", disse Sheinkopf.
Lindsey Boylan, ex-conselheira econômica do governador, foi a primeira a acusá-lo de assédio sexual, em dezembro. Depois disso, ao menos seis ex-funcionários disseram ter recebido ligações do gabinete do governador para saber se tinham ouvido falar dela ou tentando desacreditá-la. Outra ex-assessora a acusar Cuomo, Ana Liss, de 35 anos, disse que ele perguntou se ela tinha namorado e uma vez a beijou na mão quando ela se levantou da mesa em 2014. Cuomo comentou que às vezes se envolve em brincadeiras no local de trabalho com seus assessores e que lamenta se seu comportamento incomodou alguém.
Além das alegações, pesam sobre Cuomo críticas sobre a relutância do Estado em divulgar dados de mortalidade em lares de idosos. Promotores federais vêm solicitando mais informações sobre o tema e dados do Departamento de Saúde do Estado sobre covid-19. Fonte: Dow Jones Newswires.