O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, foi destituído neste sábado em uma moção de censura parlamentar, após várias semanas de crise política neste país do sul da Ásia dotado de armas nucleares. O presidente interino da Câmara, Sardar Ayaz Sadiq, informou que a moção de censura foi aprovada, depois de ter obtido uma maioria de 174 votos dos 342 parlamentares.
Nenhum chefe de governo completou seu mandato no Paquistão desde a independência do país, em 1947, mas Khan é o primeiro a cair por uma moção de censura parlamentar. O Parlamento designará amanhã seu sucessor, e o líder da oposição, Shehbaz Sharif, é visto como forte candidato a liderara nação com 220 milhões de habitantes, de maioria muçulmana.
Sharif declarou que a destituição de Khan representa a chance de um novo começo. "Um novo amanhecer começou… Esta aliança vai reconstruir o Paquistão", disse, no Parlamento. Sharif – que tem 70 anos e é o irmão mais novo de Nawaz
Sharif, que por três vezes foi primeiro-ministro – tem a reputação de ser um administrador eficaz.
Khan, de 69 anos, tentou todos os tipos de manobras para permanecer no poder, incluindo a dissolução da Câmara. A Suprema Corte declarou o movimento ilegal na semana passada e ordenou a realização da votação sobre a moção de censura.
As eleições estão marcadas para agosto de 2023. Mas a oposição disse que quer antecipar o pleito, mas só depois de aprovar uma legislação que diz ser necessária para garantir que os próximos pleitos sejam livres e justos.
<b>Promessas</b>
Imran Khan, uma ex-estrela do críquete (esporte nacional), foi eleito primeiro-ministro em 2018 com o apoio dos militares e a promessa de acabar com décadas de corrupção e clientelismo, mas recentemente perdeu sua maioria parlamentar quando aliados abandonaram seu governo de coalizão. Também havia sinais de que ele havia perdido o apoio dos militares, disseram analistas.
Ele teve de administrar uma moeda nacional fraca, inflação persistente e o peso da dívida pública. Mas os partidos de oposição dizem que ele não conseguiu reviver uma economia atingida pela covid-19 ou cumprir as promessas de tornar o Paquistão uma nação próspera e livre de corrupção respeitada no cenário mundial.
Khan alegou ter provas de uma suposta conspiração, para a qual apontou diretamente aos EUA, por causa de sua visita ao presidente russo, Vladimir Putin, que coincidiu com a invasão à Ucrânia. (Com agências internacionais).