Internacional

Partido de extrema-direita promete oposição “construtiva” a Merkel

Líderes do partido nacionalista e contrário à imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) se comprometeram nesta segunda-feira a usar seu terceiro lugar na eleição geral do país para conduzir uma oposição “construtiva”. Além disso, tentaram rechaçar os temores levantados por grupos judaicos e outros sobre a entrada da sigla no Parlamento.

Disputas internas de longa data no topo do partido, porém, ressurgiram nesta segunda-feira. Uma das líderes do AfD, Frauke Petry abandonou a entrevista coletiva da sigla, o que causou incômodo nos demais dirigentes. “Um partido anárquico pode ter sucesso na oposição, mas não pode fazer uma oferta de credibilidade aos eleitores para o governo”, afirmou Petry, antes de abandonar a sala. Outro dirigente, Joerg Meuthen pediu desculpas “em nome do partido” pelo episódio, que segundo ele “não foi discutido conosco”, antes de mudar de assunto.

Os principais partidos da Alemanha recusam-se a se aliar ao AfD. Somando-se a cadeira levada por Petry, a sigla de extrema-direita deve ter 94 das 709 vagas no Parlamento. Ainda nesta segunda-feira, Weidel pediu que Petry deixasse o partido para “evitar mais problemas”. Segundo ele, o abandono por ela da entrevista coletiva foi “difícil de superar em questão de irresponsabilidade”.

Gauland, por sua vez, insistiu que o partido não tem nada que possa afetar os judeus que vivem na Alemanha. Ele também minimizou a preocupação de que a ascensão do AfD esteja ligada a uma guinada á direita na Europa e nos EUA. Segundo ele, a sigla alemã tem uma “relação mais próxima” apenas com o Partido Liberdade, sigla de direita da Áustria.

Uma das líderes do AfD, Alice Weidel afirmou a repórteres que o plano da sigla é fazer uma “oposição construtiva”. Segundo ela, os eleitores deram um “claro mandato” ao AfD. O partido conseguiu apoio de pessoas que anteriormente já tinham votado no bloco conservador da chanceler Angela Merkel e inclusive de pessoas que não tinham votado anteriormente. Além disso, conseguiu em menor medida tomar votos do Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, e de algumas outras forças.

O sucesso do AfD foi construído com uma campanha centrada nas críticas à política de portas abertas do governo para mais de 1 milhão de imigrantes e refugiados nos últimos dois anos. O partido se saiu melhor em Estados que antes eram comunistas e na região menos próspera do leste, conseguindo 22,5% dos votos ali.

Merkel disse a repórteres nesta segunda-feira que o apoio ao AfD no leste se concentrou em algumas áreas que estão pior economicamente que o restante do país. Segundo ela, esses eleitores têm o temor de perder o que já têm por causa da globalização ou dos refugiados. Fonte: Associated Press.

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