O Partido Liberal (PL) desmarcou o evento de filiação do presidente Jair Bolsonaro. A entrada do chefe do Poder Executivo na legenda seria oficializada no próximo dia 22, mas divergências sobre o apoio na eleição para o governo de São Paulo adiaram a definição. De acordo com a sigla, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tomou a decisão após "intensa troca de mensagens na madrugada deste domingo, 14, com o presidente Jair Bolsonaro".
Hoje, Bolsonaro também comentou sobre a filiação e citou diretamente o problema com São Paulo. "A gente não vai aceitar por exemplo em São Paulo apoiar alguém do PSDB", disse Bolsonaro. "Não tenho candidato em São Paulo ainda. Talvez o Tarcísio aceite esse desafio", afirmou.
No maior colégio eleitoral do País, o PL quer apoiar a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes. Já Bolsonaro quer ter um palanque diferente no Estado e não aceita apoiar um apadrinhado do governador João Doria (PSDB-SP), seu adversário. O presidente deseja que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, dispute a sucessão de Doria.
Na tentativa de um acordo, a cúpula do PL sugeriu Tarcísio como candidato ao Senado por Goiás. O que não agrada aos bolsonaristas, que vetam qualquer aliança com o grupo de Doria. Em São Paulo, o PL faz parte da base do governo estadual e tem o controle de estruturas importantes, como o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
As divergências, porém, não se resumem a São Paulo. O PL e Bolsonaro têm obstáculos a superar em outros Estados, como Piauí e Alagoas – onde o partido de Costa Neto deve apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – e no Amazonas. Lá, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), é adversário de Bolsonaro e ameaça sair do PL.