A oposição de centro-esquerda da Austrália venceu as eleições realizadas neste sábado no país, o que deve levar o líder do Partido Trabalhista, Anthony Albanese, ao posto de primeiro-ministro no lugar de Scott Morrison. Morrison admitiu a derrota, ainda que a contagem de votos ainda esteja sendo realizada e vá determinar a composição exata do governo.
Albanese será o primeiro líder trabalhista da Austrália desde 2013, de acordo com uma contagem da Australian Broadcasting Corp (ABC). O Partido Trabalhista ganhou ao menos 72 assentos de um total de 151 lugares na Câmara dos Representantes, onde os governos são formados, em comparação a pelo menos 55 assentos para a coalizão de centro-direita liderada por Morrison, do Partido Liberal, segundo a ABC. Cada lado precisa de 76 cadeiras para governar sem se aliar a partidos menores ou independentes.
Os trabalhistas ganharam assentos com votos em cidades e subúrbios onde a inflação e a política climática eram questões-chave para muitos eleitores. Os liberais de Morrison perderam vários assentos para candidatos independentes em áreas que normalmente se inclinam para o conservadorismo, mas onde os eleitores estão cada vez mais preocupados com as mudanças climáticas.
A apoiadores e eleitores, Albanese disse que buscará transformar a Austrália em uma superpotência de energia renovável; trabalhar com empresas para impulsionar a produtividade e elevar salários e lucros; e proteger e fortalecer benefícios sociais como a saúde universal. "Esta noite, o povo australiano votou pela mudança", afirmou Albanese, parlamentar veterano que cresceu co moradias sociais. Em política externa, os trabalhistas planejam estabelecer uma escola de defesa do Pacífico para treinar exércitos vizinhos em resposta à potencial presença militar da China nas Ilhas Solomon, próximas à Austrália.
Morrison parabenizou Albanese por sua vitória e disse que deixará o cargo de líder dos liberais. O atual primeiro-ministro afirmou ser importante que haja certeza sobre quem está liderando o país, principalmente devido às reuniões diplomáticas da próxima semana entre Austrália, Estados Unidos e outros aliados. "Nós entregamos este país, como governo, em uma posição mais forte do que herdamos quando chegamos", disse Morrison.
Uma proporção recorde de votos por correspondência por causa da pandemia só deve ser contabilizada no domingo. Na Austrália, o voto é obrigatório para cidadãos adultos e 92% dos eleitores registrados votaram na última eleição. A votação antecipada por motivos de viagem ou trabalho começou há duas semanas e a Comissão Eleitoral Australiana continuará coletando votos por correspondência por mais duas semanas. Na sexta-feira, o governo também mudou o regulamento para permitir que pessoas recentemente infectadas com covid-19 pudessem votar por telefone.