Estadão

Países precisam de injeção urgente de liquidez, diz secretário-geral da ONU

Secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres afirmou que "muitos países precisam de injeção urgente de liquidez" para enfrentar os severos impactos econômicos da crise do coronavírus, durante discurso que deu início à Assembleia-Geral da entidade multilateral nesta terça-feira, 21. De acordo com ele, a falta de vacinas contra a covid-19 e o apertado espaço fiscal limitou a recuperação econômica em nações de baixa renda.

"Países ricos podem retomar o nível de crescimento anterior á pandemia ainda este ano, enquanto o impacto em países pobres poderá ser sentido por anos", protestou Guterres, antes de instar os países que vão receber, mas "não necessitam", dos recursos do programa de Direitos Especiais de Saques (SDRs, na sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional (FMI) a redistribuir o dinheiro a nações de baixa renda.

Guterres também defendeu que a suspensão do serviço da dívida seja estendido para o ano que vem, argumentando que os governos não devem ter de escolher entre "servir a dívida ou a população".

Quanto à vacinação contra a covid-19, o secretário-geral definiu como uma "obscenidade" o acesso limitado aos imunizantes em regiões mais pobres do mundo, enquanto alguns países possuem excedentes dos produtos. "Passamos no teste de ciência, mas estamos tirando a pior nota em ética", afirmou Guterres, após comemorar o rápido desenvolvimento das vacinas em meio à crise sanitária.

Guterres defendeu que ao menos 70% da população mundial seja vacinada até o fim do primeiro semestre do ano que vem.

Ele também protestou contra a falta de ação de líderes globais ante as mudanças climáticas, afirmando que a "janela" para o enfrentamento da crise climática está se fechando. "O mundo está à beira do abismo e estamos caminhando na direção errada", definiu.

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