Cidades

Passageiro gasta duas vezes mais tempo no novo sistema

Usuários continuam insatisfeitos com a mudança no transporte público na cidade

A insatisfação dos passageiros com o novo sistema de transporte público da cidade, com a chegada do Bilhete Único, parece não ter fim. Durante esta terça-feira, o Guarulhos Hoje esteve em quatro pontos diferentes da cidade (Terminais São João, Pimentas e Vila Galvão, e na Ponte Grande) e usuários apontaram que, mesmo com o pagamento de uma única passagem para quem já possui o novo cartão, o tempo gasto entre o ponto de partida e o destino final mais que dobrou.

É o caso do analista de logística Isaque Mascarenhas, 18, que aguardava um micro-ônibus para retornar para casa no Terminal Pimentas na tarde desta terça-feira. Antes da implantação do sistema, ele pegava quatro ônibus para trabalhar. Agora, é obrigado a usar seis de sua casa até seu trabalho, da Vila Galvão a Arujá.

E o percurso que era de 40 minutos, agora demanda 1h30. "Estou esperando há 30 minutos e nenhum ônibus ainda", completa Mascarenhas, que já possui o Bilhete Único, mas argumenta que não consegue efetuar o cadastro no telefone 0800.

Na Ponte Grande, a reportagem encontrou a operadora Érika da Silva, 17, que, com as mudanças, passou de 20 minutos para 40 minutos no trajeto de casa ao trabalho. Sentada em um ponto sem a cobertura na avenida Guarulhos, Érika ainda se diz confusa. "Sei que tem ônibus para minha região, mas a gente não sabe, não informaram direito, está meio bagunçado ainda", opina.

Do outro lado da cidade, no Terminal São João, o conferente Fábio Félix, 22, passa 20 minutos por dia a mais dentro dos coletivos no trajeto casa-trabalho. Do São João, bairro onde mora, até o Terminal homônimo e depois até a Rodoviária, no Parque Cecap, utiliza dois ônibus – antes era só um -, e leva 50 minutos para cumprir seu percurso, contra 30 minutos no sistema antigo.

Situação se repete em diferentes pontos da cidade

O  geógrafo Willian de Queiroz, 36, morador do Cidade Seródio, se desloca até a Cidade Satélite Industrial de Cumbica e teve um aumento de 40 minutos no seu percurso Seródio-Terminal São João-Cumbica. "Agora o usuário fica por mais de 30 minutos no ponto na avenida Candea para esperar o 433 São João e e depois mais uns quinze para pegar o 489 Cidade Satélite", detalha.

Queiroz reclama das longas filas no Terminal São João pela manhã. "Com todo mundo querendo entrar, temos que esperar até um terceiro ônibus vir e se vou para o Taboão, as filas são enormes também. Faltam coletivos para atender a demanda", comenta.

Mais rápido – Ainda no Terminal São João, o trajeto de um usuário contrasta com a situação da maioria dos entrevistados. O operador de marketing, Thiago Fidelix, 22, aguardava um ônibus para o Água Azul e conta que sua viagem caiu de três horas para uma hora, com dois ônibus, ao contrário de antes quando tinha somente uma opção para ir do Centro ao bairro.

No final da tarde de ontem, próximo das 18h, o Terminal provisório no São João foi palco de nova confusão com os passageiros. A praça onde os ônibus fazem as paradas foi tomada pelas águas e os passageiros obrigados a ficarem embaixo de chuva, por conta da grande quantidade de passageiros no horário de pico, o que superlotou os pontos de ônibus que contam com coberturas.

Usuários relataram ao GH que foi necessário discutir com motoristas para que eles estacionassem os coletivos nos pontos para os passageiros tentarem um lugar embaixo do abrigo.

STT – Pelo segundo dia consecutivo, o Guarulhos Hoje enviou questionamentos à Secretaria de Transportes e Trânsito (STT) sobre quantos cartões foram disponibilizados no mercado para comercialização, se há previsão de aumento dos pontos de venda, quantidade de linhas disponíveis para o cadastro de segurança do cartão (0800) e sobre a situação relatada por trabalhadores noturnos do Aeroporto de Guarulhos, que, ao chegarem ao Terminal Cecap por volta da meia-noite, não encontram ônibus para voltarem para casa.

Como nos dias anteriores, não houve respostas.

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