A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) recebeu mais duas associadas: as companhias aéreas regionais Passaredo e MAP. Com os novos membros, a entidade – que já reúne as fundadoras Latam, Gol, Azul e Avianca, além de Latam Cargo, TAP, Boeing e Bombardier – passa a cobrir praticamente 100% do transporte aéreo doméstico, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.
Conforme os principais executivos de Passaredo e MAP, ao integrar a associação, a expectativa é alinhar e fortalecer o discurso em prol de mudanças regulatórias e de maior desenvolvimento do mercado regional no Brasil. O diretor presidente da Passaredo, Comandante Felício, lembra que o País ainda precisa avançar muito para se assemelhar a mercados como a América do Norte, onde a aviação regional é uma importante parceira das empresas tradicionais, ajudando na alimentação de suas rotas.
Fundada em 1995, a Passaredo atende 13 destinos em quatro regiões brasileiras. A empresa opera seis aeronaves ATR-72-500, realizando 55 decolagens diárias. Já a MAP atua no nicho da Amazônia, nos Estados do Amazonas e Pará, com 82 voos semanais operados em ATR 42 e ATR 72.
“A MAP estava isolada territorialmente. Queremos ter voz diante de prefeituras e governos regionais carentes de uma estratégia boa para desenvolver essa aviação”, destaca Hector Hamada, CEO da MAP.
O presidente da Abear afirma que as pautas da aviação regional já estão contempladas na agenda da entidade e nas propostas que serão levadas aos candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano. Entre as questões mais sensíveis à aviação regional, Sanovicz salienta a necessidade de aprimorar a infraestrutura aeroportuária e o sistema de controle de voo, a fim de ampliar as possibilidades de destinos atendidos por essas empresas.
MAP e Passaredo passarão a integrar as estatísticas mensais divulgadas pela Abear a partir de 2019.
Combustível de aviação
Eduardo Sanovicz ressalta que a entidade está motivada nos debates para alterar a fórmula de precificação do querosene de aviação (QAV), principal insumo das companhias aéreas. Para o dirigente, o modelo atual, criado na década de 1980, já não faz mais sentido. “Hoje, mais de 90% do QAV consumido é produzido no Brasil. Por que pagamos em dólar algo em que o custo de produção é em reais?”, questiona.
A aviação brasileira teve, no ano passado, um custo extra de R$ 1,3 bilhão com o atual modelo de precificação do combustível, segundo cálculos de três entidades do setor – Abear, Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) e a Associação de Transporte Aéreo da América Latina e Caribe (Alta).
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) publicou uma minuta da resolução com o objetivo de ampliar a transparência na formação dos preços de derivados de petróleo e gás natural. De acordo com Sanovicz, a Abear estará presente na audiência pública de 3 de outubro organizada pela ANP no Rio de Janeiro e levará suas contribuições para um cálculo mais transparente do QAV e que reduza os custos do setor.
“Não conseguimos prever o final do debate, mas em seis anos é a primeira vez que vamos debater no coração do problema”, afirma o dirigente.
A pauta do QAV também faz parte das propostas das companhias aéreas para o próximo governo. A Abear já entregou um documento aos presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo). Já estão agendados encontros com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL). O encontro com Fernando Haddad (PT) ainda está pendente.