Variedades

Patrícia Selonk ressalta ironia rasgada de Hamlet

Patricia Selonk já viveu Alice, aquela do País das Maravilhas, assim como Geni, de “Toda Nudez Será Castigada”, de Nelson Rodrigues. Mas, em “Hamlet”, o desafio é novo, especialmente por conta da ferocidade crescente que toma conta do protagonista. “Foi difícil encontrar a violência de Hamlet em meu corpo”, conta a atriz. “Eu não queria um herói, mas um homem que, ao simular uma loucura, perde o controle e, ao final da peça, destrói tudo o que o sustentava.”

Intérprete de amplos recursos cênicos, Patricia exibe vários deles na peça. É graças ao tom jocoso de sua voz, por exemplo, que a atriz destaca a mordacidade de Hamlet, autor de frases memoráveis como “Perfila-me como primo porque não primo como seu filho”, dita à mãe Gertrudes, ou ainda “Foi curto – tal qual o amor das mulheres”.

“Hamlet é um grande frasista, quase um Nelson Rodrigues, pois exibe uma grande presença de espírito e faz isso como se comentasse as situações, conferindo mais colorido para as cenas”, comenta o diretor Paulo de Moraes, que alternou a ordem de algumas cenas, a fim de reforçar dramaturgicamente determinados momentos impactantes.

Como o famoso solilóquio “Ser ou não ser”, aqui proferido por Hamlet depois da morte de Polônio. “Isso fez com que a fala ganhasse uma enorme carga emocional”, diz o diretor, garantindo que o papel coube naturalmente a Patricia. E o que se nota é que esse jogo masculino/feminino cai bem na encenação, pois Hamlet joga com a simulação para tentar desmascarar o assassino de seu pai.

Há 31 anos na Armazém Companhia de Teatro, desde sua fundação em Londrina, em 1987, Patricia busca, em Hamlet, desvendar os mistérios do ser humano. “As pessoas me perguntam se não é cansativo fazer a peça e eu digo que ela me salva. Com o texto, reflito muito sobre questões atuais e, assim como Hamlet vê seu mundo cair, acho que algo também vai mudar em nosso País. Afinal, a engrenagem está velha e cansada.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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