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Paul McCartney lança álbum que funciona como um road movie

Nos últimos cinco anos, desde o lançamento do álbum anterior, New, Paul McCartney rodou o mundo como quis e pôde. Fez 158 shows, principalmente pelos Estados Unidos, América Latin, Ásia e Oceania – curiosamente, a Europa não recebe tanta atenção do ex-Beatle nessa nova fase da vida. Na carreira solo, Paul vive sua fase mais viajada. Um homem/artista claramente abastecido pelos palcos. Mais do que pelos estúdios.

Agora, ao lançar um novo disco, Egypt Station, o Paul McCartney escancara a realidade: sim, suas andanças foram inspiradoras. Como ele disse, em um comunicado disparado à imprensa meses atrás para anunciar a chegada do 17º disco da carreira solo dele, a ideia conceitual do álbum era partir dessa estação de trem. E, estação por estação, rodar o mundo com Macca, descobrir suas impressões e, principalmente, descobertas sonoras e estéticas.

O fato é que Paul McCartney agora evidencia o caminho inverso daquele percorrido nas décadas anteriores de turnê, quando girava o mundo amparado por um novo álbum. É a leva nova de canções que se abastece do que ele viveu por aí – e por aqui, como é possível ouvir na música Back in Brazil, canção que retrata a vida de uma garota brasileira, bastante narrativa – leia mais no texto ao lado.

Desde 1980, quando “o sonho acabou”, os Beatles se separaram e cada um do quarteto seguiu seu rumo, Paul tem sido intenso em suas turnês. Uma de suas maiores loucuras dignas da rotina dos popstars foi na dobradinha de 1989 e 1990, quando realizou 115 apresentações – foi, inclusive, no ano de 1990 que Paul veio ao Brasil pela primeira vez, com duas históricas apresentações no Maracanã, no Rio de Janeiro, e Morumbi, em São Paulo. Na época, a turnê foi motivada pelo lançamento do álbum Flowers in the Dirt, um dos preferidos dos fãs da versão solo de Sir Paul. Em 1993, quando Paul também circulou o mundo intensamente e realizou 83 shows, o motivo foi o álbum Off the Ground – novamente, com dois shows no Brasil, desta vez em São Paulo e em Curitiba.

Acontece que, na carreira solo, somente outras duas vezes Paul McCartney passou das 30 apresentações em dois anos seguidos, como ele tem feito desde 2013. Egypt Station é uma declaração de Paul McCartney nesse sentido: eu vi o mundo e quero contar para vocês.

Por isso, o álbum tem um conceito explícito. Tem início com Opening Station, a tal “primeira estação”, na qual embarcamos no trem guiado pelo ex-Beatle. Nos 41 segundos de faixa, som ambiente de uma estação de trem é, vagarosamente, coberto por uma espécie de canto gregoriano, até a entrada da melancólica I Dont Know, lançada como single e conduzida, principalmente, pelo piano de Paul, tão cristalino e pop quanto triste e reflexivo. “Qual é o problema comigo?”, pergunta Paul na faixa. “Estou certo ou estou errado? Agora eu consigo ver. Eu devo tentar ser forte.”
A partir daí, Paul McCartney conduz sua viagem na companhia do produtor Greg Kurstin, um sujeito de talento no estúdio, dono de um punhado de Grammies na sua estante, principalmente pelo acerto que foi o terceiro álbum da britânica Adele, o 25, que foi o arrasa-quarteirão da temporada de premiação de 2016.

A cada estação, um novo Paul se apresenta. E faz sentido dentro do contexto de quem é Macca hoje. Fissurado pelo palco, abastecido pelas arenas lotadas, showman de primeira, Paul McCartney fez da sua necessidade estradeira uma razão de se fecharem três estúdios (em Los Angeles, em Sussex, na Inglaterra, e no icônico Abbey Road). E, com Egypt Station debaixo do braço, ter um motivo para rodar o mundo mais algumas vezes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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