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Paulistano ignora lei de focinheira para cães

Tomás, de 11 anos, estava com a mãe, a irmã e uma amiga no Parque Buenos Aires, em Higienópolis, na região central de São Paulo, na última quinta-feira, 20. De repente, foi atacado no peito por um pitbull, que estava sem focinheira. Apesar do susto, a criança está bem. Embora uma lei estadual exija o uso da focinheira para algumas raças, incluindo o pitbull, esses cães circulam livremente pelos parques da cidade.

“A gente estava perto dos equipamentos de ginástica. Como de costume, fiquei próxima às crianças que estavam brincando. Foi muito rápido. Não vi direito o que aconteceu. De repente, minha filha gritou que o cachorro havia mordido o Tomás. E não é que meu filho foi brincar com o cachorro. Se o tivesse visto por perto, sairia do local”, conta a mãe, a produtora Nina Braga Nunes, de 43 anos.

A sorte é que a criança conseguiu empurrar o cão, que não travou os dentes. O dono do cachorro não prestou socorro e logo foi embora. “Apenas pediu desculpas. A região do peito do meu filho ficou roxa e há dois furos dos dentes, mas superficiais.” Na hora do ataque, disse, não havia seguranças por perto.

Ela foi orientada a dar vacinas contra tétano e raiva e também imunoglobulina, por precaução, já que o dono não deu informações sobre o animal. “Não vamos parar de ir ao parque. Eu me preocupo muito até porque também corro ali”, disse ela, que tem uma cadela da raça Galgo Italiano. “Meus filhos adoram a Mel. Tenho por causa deles”, afirmou ela, irmã do ator Gabriel Braga Nunes.

A lei estadual, de 2003, determina que algumas raças consideradas mais ferozes, como pitbull e rottweiler (veja mais ao lado) devem andar, obrigatoriamente, com coleira, guia curta de condução, enforcador e focinheiras em locais públicos.

Denúncias do tipo são compartilhadas na página do Facebook Aumigos do Parque Buenos Aires, que reúne moradores do bairro. “Ninguém respeita (a lei). Dizem que o cão é dócil e fica por isso mesmo”, reclamou Renata Bonília, professora de 40 anos, que frequenta o local. Ela conta que seu poodle Scooby, de 15, já foi mordido.

“Tive de levar ao veterinário.” No Parque Villa Lobos, na zona oeste, frequentadores temem ataques. A aposentada Conceição Lombardi, de 67 anos, não tira os olhos dos bisnetos, de 7 e 6 anos. “Temos medo. Até já fui mordida por um cachorro.”

Muitos donos, porém, consideram a norma desnecessária. O staffordshire bull terrier Chico Maromba brinca livremente com crianças no cachorródromo do Parque Municipal da Aclimação, na zona sul. Coleira, só para ir embora. Focinheira? Nem pensar. “Não sou a favor, o dono é que tem de ter noção do comportamento do cachorro e estar sempre perto”, disse o bailarino Erik Fernandes, de 31 anos, dono de Chico e outros dois da mesma raça, que ele leva para passear. Para Fernandes, seus cães não precisam de focinheira, apesar de serem de raça “parente” do pitbull (considerada menos perigosa), caso em que a lei também prevê o uso.

“Há preconceito grande com algumas raças que não são necessariamente agressivas. Tudo depende da criação. O Chico já foi mordido por um (da raça) border collie, muito usado em comerciais, mas para esses não há obrigatoriedade de nada.”

Segundo a veterinária Sheila Tonietti, a lei tem lacunas. “A focinheira não é garantia de que as pessoas estão protegidas. E fica difícil determinar o que é derivação de uma raça e o que não é. Como provar isso?”

Governo

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que seguranças foram ao Buenos Aires assim que souberam do ataque. Segundo a pasta, o pitbull está entre as raças de focinheira obrigatória, há placas indicativas nos parques e os funcionários fiscalizam. Se preciso, eles acionam a Guarda Civil. Já a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, responsável pelo Villa Lobos, disse que os parques onde se permitem cães têm avisos, além da fiscalização de seguranças.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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