A morte do ex-ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, no último sábado, aos 65 anos, representa uma perda inestimável para o país. Por mais que seja ligado ao partido de oposição ao governo federal (PSDB), sua capacidade intelectual e virtudes na área educacional são destacadas até por importantes líderes do PT, como o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e até pela presidente Dilma Roussef, que mencionou os importantes serviços prestados em nota pública de pesar.
Ministro da Educação durante os oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002, Paulo Renato foi responsável pela implantação de importantes programas de avaliação educacional, como o Enem, que até hoje serve para democratizar o acesso às univesidades públicas, entre outras vantagens. Também foi o responsável pela implantação do Bolsa-Escola, o mesmo programa que depois foi aprimorado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se tornou o comemorado Bolsa Família.
Aliás, cogita-se até dentro do ninho tucano que o Bolsa Escola só não fez mais sucesso porque FHC não apostou na divulgação maciça do programa, por meio de ações de marketing, como ocorreu depois com o Bolsa Família. Coisas de política. Setores dentro do PSDB temiam que Paulo Renato tirasse proveito do sucesso da ideia, que consistia em dar maior assistência às famílias dos alunos matriculados na rede pública, com o oferecimento de ajuda financeira, de alimentos e até de gás de cozinha. Na verdade, o ex-ministro se baseou numa bem sucedida experiência adotada pelo então governador do Distrito Federal, hoje senador pelo PDT, Cristóvão Buarque, um homem que tem o incentivo à educação de base correndo em seu sangue.
Paulo Renato poderia ter sido, pela grande gestão à frente do Ministério, o candidato natural à sucessão de Fernando Henrique, o que – naquele momento – não interessava a José Serra, que se habilitou à disputa que acabou perdendo para Lula em 2002.
Eleito em 2006 como deputado federal, foi escolhido por Serra para conduzir a Educação do Estado, como secretário, nos últimos dois anos de sua gestão como governador. Mais uma vez, fez uma gestão bastante elogiada, implantando programas que valorizam os profissionais da educação que mais se dedicam, inclusive com ganhos salariais. Lamentavelmente, o Brasil perde Paulo Renato.