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Peças da coleção Geyer são integradas ao Programa Memória do Mundo

Um conjunto de 916 imagens e obras que retratam o Rio dos séculos XVI a XIX e integram o acervo doado ao Museu Imperial de Petrópolis (cidade na região Serrana do Rio) pelo casal Maria Cecília e Paulo Geyer passará a integrar o Programa Memória do Mundo, mantido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Criado em 1992, o programa visa preservar acervos documentais e bibliográficos (livros, cartas, documentos, pinturas, desenhos, vídeos e gravações, entre outros) de grande importância histórica, e equivale ao prêmio Patrimônio da Humanidade, conferido pela mesma Unesco a monumentos, como o Cristo Redentor e as pirâmides do Egito.

A inclusão no programa da Unesco equivale a um tombamento: o acervo integrado permanece na instituição, mas a conservação passa a ser monitorada pelo órgão da ONU, que exige a apresentação de relatórios a cada dois anos. Não há premiação em dinheiro, mas o reconhecimento quanto à importância do acervo facilita a obtenção de patrocínios para mantê-lo.

Cada país mantém um comitê nacional responsável por selecionar as obras que passarão a integrar o programa. O comitê é autônomo – a aprovação não é submetida à avaliação da Unesco. A entidade brasileira aprova até dez acervos por ano. Em 2015, houve 47 candidaturas, mas 17 foram excluídas por não atender requisitos estipulados em edital. Das 30 propostas aceitas, dez foram aprovadas.

O conjunto oferecido ao Programa Memória do Mundo pelo Museu Imperial e pela Casa Geyer é composto por livros raros, litografias, guaches, aquarelas e cartografia produzidos por viajantes e artistas estrangeiros que estiveram no Brasil entre os séculos XVI e XIX, como o príncipe Adalberto da Prússia, Johann Moritz Rugendas e Félix Émile Taunay, entre muitos outros. O acervo foi selecionado em função da comemoração dos 450 anos do Rio de Janeiro, completados em 1º de março.

A coleção reúne 4.255 peças – livros, álbuns, pinturas, gravuras, litografias, desenhos e mapas, entre outras – que pertenciam ao casal Geyer e foram doadas em abril de 1999 ao Museu Imperial. Paulo era empresário e controlador do grupo petroquímico Unipar. Como a doação foi feita com usufruto, as peças só passaram efetivamente ao domínio do museu após a morte do casal. Maria Cecília morreu, aos 91 anos, em 6 de junho de 2014. O marido morreria em 5 de novembro de 2004, aos 83 anos. Em dezembro de 2014, a coleção foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Com o acervo o casal doou ao Museu Imperial a mansão em que morava (onde as peças estão armazenadas), casarão do século XVIII no Cosme Velho (zona sul do Rio). O museu planeja abrir a casa à visitação em 2016 – por enquanto, as 916 imagens, assim como as demais peças, não podem ser apreciadas ao vivo.

Para adaptar a casa à visitação será preciso construir mais banheiros e oferecer acesso a pessoas deficientes, conta o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior. “Estimamos receber no máximo 200 pessoas por dia, não tem como abrigar mais gente. Vamos deixar a casa exatamente como o casal a mantinha. Só há espaço para expor umas 500 obras, aquelas que o casal deixava expostas. Tem quadro até no teto, preso em trilhos”, disse.

Além das 916 imagens da coleção Geyer, passarão a integrar o Programa Memória do Mundo o “Acervo da Comissão Construtora da Nova Capital – Belo Horizonte (1892-1903)”, o “Arquivo da Secretaria de Governo da Capitania de São Paulo (1611-1852)”, o “Arquivo Pessoal Rubens Gerchman (1942-2008)”, “Cultura e Opulência do Brasil, de André João Antonil”, “Decisões que Marcaram Época: A Caminhada do Poder Judiciário no Reconhecimento de Direitos Sociais aos Homossexuais”, “Partituras – Obras de Heitor Villa-Lobos (1901-1959)”, “Processos Judiciais Trabalhistas: Doenças Ocupacionais na Mineração em Minas Gerais – Dissídio Individuais e Coletivos (1941-2005)”, “Registros Fotográficos Oficiais das Intervenções Urbanas na Cidade do Rio de Janeiro (1900-1950)” e “República e Positivismo: A Produção Intelectual da Igreja Positivista do Brasil”.

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