Tema já abordado recentemente neste espaço, o número de mortes de pedestres por atropelamentos está muito acima de índices aceitáveis, não só em Guarulhos, mas no Brasil como um todo. Em abril, o município assistiu duas mortes na região central, além de vários feridos, o que chamou a atenção da mídia e nem tanto das autoridades, já que não se percebe qualquer movimento no sentido de promover ações educativas, ou mesmo corretivas, nos locais de maior incidência de acidentes.
Não existem pesquisas de comportamento nem de motoristas nem de pedestres guarulhenses. Mas um levantamento realizado na Capital, pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), divulgado neste início de semana, serve um pouco para entender o comportamento de ambos, o que pode ser aplicado para os guarulhenses, já que as duas populações têm características muito parecidas.
A CET analisou o comportamento dos motoristas em movimentados cruzamentos do centro da capital. Foram registradas 675 situações em que houve “conflito” entre os pedestres e os automóveis e qual foi a decisão tomada pelo condutor do veículo. Quando questionados se respeitam a prioridade dos pedestres, 76,8% dos motoristas disseram que param nos cruzamentos para esperar a travessia. O detalhe é que, momentos antes, 89,6% do total desses mesmos entrevistados se comportaram da maneira oposta e haviam cometido infrações que colocaram em risco os pedestres na faixa. Os números podem indicar uma grande falha na formação dos condutores.
Os pedestres, por sua vez, demonstrar uma sensação mais próxima da realidade. 69,5% disseram sentir-se desrespeitados sobre a faixa de segurança de alguma forma. Porém, esses mesmos pedestres, a fim de encurtar caminhos, também utilizam pouco as faixas, atravessando em meio aos carros sempre que encontram uma brecha – caso comum na região central de Guarulhos.
Ou seja, há problemas dos dois lados. E é justamente neste momento que o poder público tem a obrigação de intervir, com a promoção imediata tanto de ações massivas de educação no trânsito in loco, como também promovendo intervenções como instalação de barreiras físicas quando necessário, em locais de grande incidência de acidentes. O que não pode ocorrer é ficar passivo assistindo essa mortandade que cada dia assusta mais.