Com a aproximação das definições das candidaturas a prefeito pelos mais diversos partidos, os bastidores da política local fervem. Dossiês guardados a sete chaves começam a ser desengavetados e entregues a pessoas de confiança, com o objetivo de serem vazados na hora certa. Tem denúncias contra nomes da oposição e ligados a atual administração. E, como sempre ocorre nestas horas, vários deles já estão sendo precificados.
Nenhum pré-candidato sai ileso dessas histórias, algumas que relembram fatos ocorridos em décadas passadas. Outros bem mais recentes. Notícias espalhadas por redes sociais no ano passado que um ou outro julga que já caíram no esquecimento vem sendo requentadas. Num período em que denúncias de desmandos, que envolvem as relações – muitas vezes promíscuas – entre administrações públicas e empresas, não será de se estranhar se tiver gente se arrependendo de entrar no jogo.
Aqui uma rápida análise sobre alguns candidatos por ordem dos números de seus partidos.
O 10 – Bom só para ele
O deputado estadual Jorge Wilson (PRB), sensação das eleições de 2014, quando ganhou uma disputa pela primeira vez, na esteira do sucesso do campeão nacional de votos, o federal Celso Russomanno. Porém, o mesmo que o levou para cima dois anos atrás pode afundar os sonhos do Xerife, já que o parlamentar é citado em diversas denúncias de corrupção, o que pode atrapalhar os planos de ambos, já que o outro será candidato na Capital. Carrega ainda a fama de ser um negociador em que só ele próprio gosta de levar vantagens.
O 13 – Da máquina
Contra Elói Pietá (PT), o pré-candidato da máquina, as denúncias que explodirão durante a campanha já são velhas conhecidas, mas sempre rendem muito em períodos eleitorais, como as doações de campanhas ao PT e à esposa dele, a ex-deputada Janete, por empreiteiras investigadas na Lava Jato. Fora a proximidade do ex-prefeito aos principais caciques do partido, como o ex-presidente Lula e a presidente afastada Dilma, ambos em baixa junto ao eleitorado, em um momento que o PT está “literalmente” no banco dos réus.
O 25 – Oi gente
O deputado federal Eli Correa Filho (DEM) deve enfrentar mais dificuldades do que imaginava. A princípio, acreditava que precisaria vencer o obstáculo por não ser de Guarulhos. Porém, sua única relação com a cidade, o casamento com a empresária Francislene Assis de Almeida, pode lhe render problemas maiores.
O 25 – Rodoanel
A empresa da família de Francislene é alvo de investigação pelo Ministério Público Estadual, que aponta um possível superfaturamento nos valores de desapropriações de terras para as obras do Rodoanel Norte. Ela teria sido beneficiada em cerca de R$ 30 milhões, segundo uma ação que corre na Justiça. Decisão divulgada no final do mês passado determinava a devolução do valor ao Dersa. Fora isso, informações de bastidores dão conta de que o tema seria a ponta de um novelo, que viria a ser desenrolado nos próximos dias.
O 40 – Nem sempre anti-PT
O vereador Gustavo Guti (PSB), que se autoproclama o principal nome anti-PT de Guarulhos, ainda não conseguiu explicar o fato do pai dele ter sido funcionário comissionado do prefeito Sebastião Almeida (PT) entre 2010 e 2011. Na época, como parlamentar eleito pelo PMDB em 2008, partido aliado ao PT, ele fazia parte da base governista na Câmara. Guti também enfrenta uma ação promovida pelo PV, por onde ele se reelegeu em 2012, já que ele deixou a legenda no ano passado para assumir o PSB na cidade. Muitos apontam ainda que, por ser muito jovem, o vereador não teria a capacidade para administrar uma cidade como Guarulhos.
O 43 – O verde
O ex-prefeito Jovino Cândido (PV) vem enfraquecido para mais uma disputa. Desde que deixou a administração em 2000, elegeu-se deputado federal em 2002 e nunca mais obteve qualquer outro cargo. Figura em ações na Justiça como réu junto ao ex-prefeito Elói Pietá (PT), que podem tornar os dois inelegíveis. Fora que tem a fama de não comparecer em compromissos essenciais para a campanha.
O 45 – Sempre na oposição
Carlos Roberto (PSDB), afastado do cenário desde as eleições de 2012, quando disputou pela 3ª vez a Prefeitura de Guarulhose ficou em 2º lugar contra o prefeito Sebastião Almeida (PT), voltará a ser acusado de ter permanecido longe da política local nos últimos anos, retornando aos holofotes somente em períodos eleitorais. As atividades dele como empresário, tão exploradas nos pleitos de 2008 e 2012, voltarão à tona, principalmente pelas mãos do PT, que sempre diz ter um arsenal contra o tucano.
O 55 – Pedreira
O empresário Fausto Miguel Martello (PSD), longe da política local há mais de 12 anos, está em um partido que sempre foi aliado ao PT. A empresa dele, a pedreira Paupedra, é antiga fornecedora da Prefeitura e mantém relações muito próximas à administração de Almeida durante toda a gestão petista. Em torno da pedreira, há diversas histórias e processos que se arrastam há décadas. O pai do pré-candidato, enquanto presidente da Câmara Municipal, foi preso e saiu da Casa de Leis dentro de um camburão no final dos anos 90
O 55 – O sol
Martello chegou ao PSD pelas mãos do vereador Eduardo Soltur, que foi presidente da Câmara Municipal, no período em que a Casa foi uma extensão do Executivo. Até abril, Soltur – que está por trás de empresa de ônibus que presta serviços à administração municipal, comandava a Secretaria de Serviços Públicos. Até hoje, segue na base de sustentação do prefeito, o que fragiliza o discurso de oposição.
