Estadão

Pela 5ª sessão seguida, Ibovespa renova máxima de fechamento, a 130.125,78 pontos

Entre leves perdas e ganhos na maior parte do dia, o Ibovespa mantinha-se em estreita faixa de variação de pouco mais de 700 pontos entre a mínima e a máxima desta sexta-feira, 4, espremida entre o feriado e o fim de semana. Parecendo a caminho de acomodação, desde cedo o índice conservava sem interrupção a linha de 129 mil pontos, tocada pela primeira vez na sessão anterior quando fechou exatamente em pico histórico. Na metade da tarde, veio o fôlego que levou o Ibovespa à nova marca histórica, de 130 mil pontos. Acompanhando melhora em Nova York – com o S&P 500 perto então de novo recorde – e com dólar à vista a R$ 5,03 na mínima do dia, o Ibovespa se firmou em alta para buscar o sétimo ganho seguido – e o quinto de renovação de recorde tanto no intradia como no fechamento, após ter se firmado a 124 mil em 27 de maio.

Ao fim, o índice da B3 mostrava alta de 0,40%, aos 130.125,78 pontos, com recorde intradia agora a 130.137,29 pontos, saindo de mínima na sessão a 129.147,86 pontos e abertura a 129.600,32 pontos. Um pouco acima da média, o giro financeiro ficou nesta sexta-feira em R$ 37,7 bilhões, considerado bom para uma sessão entre feriado e fim de semana. O índice emendou o terceiro ganho semanal consecutivo, de 3,64%, vindo de altas de 2,42% e de 0,58% nas duas semanas anteriores. Neste começo de junho, acumula em três sessões ganho de 3,10%, com avanço de 9,33% no ano.

O câmbio comportado e o Ibovespa em renovação de máximas consecutivas refletem perspectiva melhor para a economia doméstica, que começa a se ajustar ao que se tem visto no exterior, especialmente nos Estados Unidos e na China: retomada econômica que se acentua à medida que a imunização avança.

"Com a moeda americana tendo menos pressão sobre o real, certamente a gente vai ter impacto (benéfico) na inflação, principalmente nos IGPs, que são bastante atrelados ao câmbio – o que deve ajudar de alguma forma a cadeia de insumos, de bens importados, que vinham pressionando bastante. Contudo, a gente precisa ter uma trajetória de queda do câmbio mais sólida, mais persistente, para que efetivamente tenha resultado consistente na inflação", diz Simone Pasianotto economista-chefe da Reag Investimentos.

Em Nova York, a sessão foi positiva, especialmente para o setor de tecnologia (Nasdaq +1,47%), com os mercados do Hemisfério Norte reagindo bem à leitura abaixo do esperado sobre a geração de empregos nos EUA em maio, divulgada nesta sexta-feira, que contribui para aliviar parte dos receios quanto ao avanço da inflação e a eventual redução de estímulos monetários pelo Federal Reserve.

"O mercado de trabalho é um dos componentes que afetam a pressão de preços, principalmente no curto prazo, mas não é o único. Há uma série de outros fatores: cadeia de suprimentos, preços dos alimentos, preços de bens administrados, que são componentes tão relevantes quanto (o payroll). Acho que tira um pouquinho da pressão, mas não faz nos sentir confortáveis – apesar de o mercado achar que o Fed vai ser bem leniente com a inflação", diz Pedro Lang, head de renda variável da Valor Investimentos.

"Foram criados 559 mil postos de trabalho em maio nos Estados Unidos, resultado abaixo da expectativa. Era o dado mais aguardado da semana e talvez do mês, importante para dar o tom e mostrar o que está acontecendo (na economia americana)", diz a analista Pietra Guerra, da Clear Corretora, acrescentando que a retomada pode não estar tão acelerada quanto se antevia ou que o payroll oculta um número ainda significativo de pessoas que não estão em busca de trabalho, em razão dos auxílios concedidos pelo governo americano.

"A criação de empregos veio abaixo do esperado em maio, o que diminui a pressão sobre o Fed e se reflete no movimento comprador visto hoje nos índices americanos de ações. Aqui, os dados contribuíram para colocar o dólar à vista onde está. Na Bolsa, é preciso ver agora qual será o apetite nos 130 mil pontos", diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos. Até o fechamento desta sexta-feira, o Ibovespa vinha de seis ganhos consecutivos, sua mais longa série desde o intervalo entre 3 e 10 de novembro – agora, tendo costurado hoje sete ganhos seguidos, iguala a dos dias 29 de maio a 8 de junho de 2020.

Com o Brent perto de US$ 72 por barril, o dia foi positivo para Petrobras (PN +1,57%, ON +1,22%), bem como para a maioria das ações de bancos (Itaú PN +2,09%), mas negativo para Vale (ON -1,66%) e para o setor de siderurgia (Usiminas -2,76%). A Vale informou hoje que paralisou a circulação de trens no Ramal Fábrica Nova, da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), no Complexo de Mariana, em atendimento à notificação da Superintendência Regional do Trabalho de interdição das atividades em áreas próximas à barragem Xingu, da Mina Alegria. A medida terá impacto na produção local de finos de minério de ferro.

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