Estadão

Pelosi deixa comando do partido e minoria democrata busca novo líder

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a primeira mulher a ocupar o cargo, anunciou nesta quinta, 17, que deixará de liderar seu Partido Democrata quando os republicanos assumirem o controle da Casa, em janeiro. O anúncio deu início a uma campanha entre a nova geração do partido pela chefia da legenda.

Entre os possíveis substitutos de Pelosi está Hakeem Jeffries, de Nova York, que pode fazer história ao se tornar o primeiro líder negro do Partido Democrata.

"Para mim, chegou a hora de uma nova geração liderar a bancada democrata, que respeito profundamente", disse Pelosi, de 82 anos, em um discurso no plenário da Câmara, onde foi aplaudida de pé. Ela continuará atuando como deputada, representando a cidade de São Francisco.

A política está na presidência da Câmara desde janeiro de 2019, o terceiro posto na hierarquia política dos EUA depois do presidente e do vice. Antes, ocupou o cargo de 2007 a 2011.

<b>Atentado</b>

Sua decisão foi anunciada após o ataque brutal contra seu marido, Paul, no mês passado, em sua casa em São Francisco. Ela observou que se sentia culpada pelo ataque, pois o intruso estava procurando por ela. "Onde está Nancy?", dizia o agressor, ecoando os gritos dos ativistas pró-Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, que a buscavam pelos corredores do prédio.

Em seu discurso, a democrata lembrou o ataque ao Capitólio. "A democracia americana é majestosa, mas é frágil. Muitos de nós aqui testemunhamos sua fragilidade em primeira mão, tragicamente nesta Câmara. Ela deve ser defendida para sempre das forças que desejam prejudicá-la", disse.

Em seus 35 anos servindo na Câmara, Pelosi acumulou respeito ao conseguir a aprovação das principais prioridades de seu partido. Ela liderou a bancada em uma difícil luta em 2010 para aprovar a Lei de Cuidados Acessíveis, o Obamacare, e, mais recentemente, conseguiu uma maioria mínima ao aprovar várias peças-chave da agenda legislativa do presidente Joe Biden.

Ela ficou conhecida como a principal opositora de Donald Trump, a quem combateu duramente o mandato do republicano na Casa Branca. Trump chegou a chamá-la de "crazy Pelosi" quando ela anunciou a intenção de visitar Taiwan, apesar do potencial atrito com a China.

Na terça-feira, 15, no discurso em que anunciou sua candidatura à Casa Branca e dois dias antes de Pelosi tornar pública sua decisão, Trump disse que ela tinha sido "demitida". "Nancy Pelosi foi demitida. Isso não é legal?", disse a sua plateia de apoiadores na Flórida, supostamente se referindo ao fato de que ela não seria mais presidente da Câmara após os republicanos obterem maioria.

<b>Substitutos</b>

Os democratas ficaram congelados aguardando sua decisão antes de se envolverem em qualquer disputa pública sobre quem poderia substituí-la, agora que o partido atuará como minoria na próxima legislatura. No Senado, mantiveram a maioria.

Minutos após o discurso de Nancy, um grupo de jovens deputados iniciou uma campanha para assumir os altos escalões de sua bancada: Katherine Clark, de Massachusetts, e Pete Aguilar, da Califórnia, além de Jeffries. Em um comunicado, Jeffries prestou homenagem a Pelosi, mas não mencionou seus planos de buscar o cargo de liderança, embora sua intenção tenha sido amplamente divulgada pela imprensa americana.

Em entrevista, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez disse que o anúncio de Pelosi foi um momento histórico que trará mudanças para o partido. Ela evitou dar seu apoio a Jeffries, que no passado bateu de frente com grupos progressistas que ela integra. Questionada sobre a possibilidade de ele se tornar o líder, ela disse: "Há muito ainda a ser curado e feito em nossa bancada."

Na noite de quarta-feira, 16, o Partido Republicano conquistou a 218.ª cadeira das 435 da Câmara, que lhe deu maioria. A contagem de votos ainda continua. Mesmo uma diferença de apenas um dígito permitirá aos republicanos administrar as comissões e manter a pressão sobre Biden com uma série de investigações contra seu governo e sua família, como ameaçaram. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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