Com o aumento da frota mundial – cerca de um bilhão de veículos de todos os tipos, sem incluir os de duas rodas – e os consequentes problemas de trânsito, uma das maiores ameaças à segurança é a distração ao volante. Esse ponto tem merecido estudos por parte de universidades, associações e clubes de motoristas e, mais recentemente, dos próprios governos.
Nos EUA, por exemplo, onde a frota circulante é de 250 milhões de veículos, o Ministério dos Transportes (MT) criou um site na internet chamado distraction.gov especificamente para cuidar do tema. De forma didática, começa por classificar os tipos de distração:
• Visual – olhos desviados do caminho;
• Manual – mãos fora do volante;
• Cognitiva – pensamento longe do ato de dirigir;
Explica que dirigir distraidamente é qualquer atividade desligada desse ato, com potencial de drenar atenção da tarefa primária e assim aumentar a probabilidade de acidentes.
Existe um hábito do motorista médio americano de escrever a enviar torpedos por celular, enquanto está ao volante, o que o MT considera alarmante por envolver aqueles três tipos de distração.
Apenas há pouco mais de um ano, várias leis estaduais proibiram receber e enviar mensagens de textos, pois não estava prevista essa transgressão quando os códigos de trânsito foram criados. A fiscalização, no entanto, é difícil e daí o esforço de conscientização sobre os riscos.
Também são listados alguns exemplos das distrações mais comuns ao conduzir um carro:
• Usar telefone celular;
• Fumar, beber e comer;
• Conversar com os passageiros;
• Ajeitar a aparência (da gravata à maquiagem);
• Ler, inclusive mapas;
• Usar agenda e o sistema de navegação GPS;
• Assistir a um vídeo;
• Mudar estação do radio ou faixas de CDs e de tocadores de MP3;
• Pegar e guardar objetos;
Obviamente há escala de importância nessa classificação. Mais de 90% dos modelos vendidos nos EUA são automáticos e, portanto, uma das mãos não é usada para trocar marchas. Daí a possibilidade de dirigir e falar ao telefone com menos interferência. Da mesma forma, um dispositivo de viva-voz é menos perigoso do que segurar o celular.
Utilizar o telefone, mesmo com o sistema de mão livres, tem sido condenado em alguns estudos acadêmicos por se assemelhar a erros comuns cometidos por motorista alcoolizado. Porém, deve-se considerar que boa parte dos motoristas está consciente de que deve exercer ainda mais atenção nessas circunstâncias. E que, embora o ato de dirigir não deva ser automatizado, existem claras diferenças de habilidade entre as pessoas e de capacidade de multitarefas, sem comprometimento severo da segurança.
Daí a resistência nos EUA de banir a utilização do viva-voz, que continua permitido, mesmo onde há restrições ao telefone. Segundo investigações do Instituto de Dados sobre Perdas nas Estradas Americanas, em todos os estados em que existe alguma lei contrária ao celular, o número de mortos e feridos ficou estabilizado entre 2004 e 2009, apesar do aumento da frota.
Deste modo, em oposição à teoria, não se confirmou relação substancial de causa-efeito. Ou que o problema parece ser menos grave, se comparado a outros motivos de acidentes.