Peritos argentinos contam com a chegada de quatro investigadores franceses para determinar a causa do choque de dois helicópteros que matou 10 envolvidos – oito franceses e dois pilotos argentinos – na gravação de um reality show na Província de La Rioja, em uma zona plana e árida que antecede a Cordilheira dos Andes.
A nadadora Camille Muffat, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, o boxeador Alexis Vastine, dono de um bronze olímpico, e a pioneira da vela Florence Arthaud estavam entre os dez mortos no acidente.
Um vídeo da colisão ocorrida na segunda-feira à tarde indica pelo menos imprudência na pilotagem, uma vez que aeronaves estavam mais próximas do que o recomendável. A guinada de uma delas provocou o acidente, o que provavelmente decorreu de falha humana, embora uma rajada ou um problema mecânico não estejam descartados como causa.
No vídeo atribuído a um morador que acompanhava a decolagem das aeronaves de um clube na cidade de Villa Castelli, ambas voam em paralelo, a cerca de 100 metros de altura. Conforme o especialista em aviação Carlos Rinzelli, a que está abaixo e à direita faz uma manobra para a esquerda e acerta com a hélice a cauda da outra. Os dois helicópteros caem e pegam fogo no chão.
“Se fosse uma rajada ou um redemoinho, teria afetado ambas. Podemos ter certeza que o tempo era bom, as aeronaves novas e a distância entre elas não era a recomendável, mas só a perícia determinará a causa”, pondera Rinzelli.
Nas imagens, gravadas por um adolescente com um celular, árvores balançam com o vento. Isso levantou a hipótese de que um redemoinho, comum na região, tivesse afetado um dos modelos Eucopter AS350, com capacidade para cinco pessoas. Representantes do fabricante também irão ao local averiguar uma possível falha técnica. Segundo afirmou o secretário de Segurança de La Rioja, Luis Angulo, à Rádio America, “havia vento porque é uma zona de pré-cordilheira, mas as condições climáticas para o voo eram ótimas”.
Os helicópteros decolaram de um clube, acompanhados por dezenas de moradores da região. Os dois pilotos, Roberto Abate e Juan Carlos Castillo (veterano da Guerra das Malvinas) conduziam os aparelhos pertencentes às províncias de La Rioja e Santiago del Estero. Segundo as autoridades locais, os helicópteros eram emprestados para que as imagens reproduzidas na Europa estimulassem o turismo na região, que ganhou visibilidade depois da edição 2012 do Rally Dakar.
Divulgado na França, o vídeo também deixou a impressão de uma proximidade exagerada entre os helicópteros, talvez pela necessidade de captar melhores imagens do participantes do programa “Dropped”, que passaria em julho no país. Os participantes seriam deixados vendados em uma zona deserta conhecida como Quebrada del Yeso, com a missão de encontrar em até 72 horas um rastro da civilização, sem contar com comida ou mapa.
“Para os esportistas, é uma oportunidade de enfrentar um desafio, ganhar exposição que nem as medalhas dão e dinheiro, pois um contrato pode chegar a 150 mil euros”, afirmou ao argentino canal TN o jornalista francês Jean Claude Freydier. Ele salientou que a notícia só chegou à França na madrugada desta terça, o que fez a população despertar em choque.
As vítimas francesas foram identificadas como Laurent Sbasnik, Lucie Mei-Dalby, Volodia Guinard, Brice Guilbert, Edouard Gilles, a nadadora olímpica Camille Muffat, o boxeador Alexis Vastine e a velejadora Florence Arthaud, de 57 anos.
O ex-jogador Sylvain Wiltord, que esteve na seleção francesa e no Arsenal – não estava no reality por ter sido eliminado na primeira fase. Ele postou no Twitter: “Triste por meus amigos, tremo, estou horrorizado, não tenho palavras, não quero dizer nada”.
Segundo o jornal Clarín, o nadador Alain Bernard, rival de Cesar Cielo e campeão dos 100 metros nado livre em Pequim, deixou de entrar em uma das aeronaves porque ela havia excedido o peso máximo.