De volta à elite do carnaval paulistano após conquistar o vice-campeonato do Grupo de Acesso em 2015, a Pérola Negra abriu na noite desta sexta-feira, 5, o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Com o enredo “Do Canindé ao samba no pé. A Vila Madalena nos passos do balé”, a escola vai homenagear seu bairro-sede, uma região boêmia, que concentra muitos bares e se tornou palco de comemorações. O início do desfile atrasou em razão de problemas de iluminação no Anhembi.
Com 2.800 integrantes, divididos em 24 alas, a Pérola Negra busca o título da elite do carnaval paulistano com um enredo que conta a história do bairro através da dança. A escola do carnavalesco Fábio Borges começa a apresentação do enredo lembrando que a região já foi uma área de Mata Atlântica e destaca a dança como sedução no reino animal, além das danças indígenas.
O enredo vai retratar ainda a formação da Vila Madalena, com a chegada dos estudantes, dos hippies, e a formação de sua efervescência cultural. A evolução da escola chega até aos dias atuais e mostra uma Vila Madalena como principal área de concentração dos blocos de rua.
Com 200 integrantes, a bateria da Pérola Negra é comandada pelo mestre Henrique Sampaio, conhecido como Nê. A angolana Carmen Mouro, rainha da bateria, é a primeira estrangeira a representar a ala dos ritmistas no carnaval de São Paulo. Outros destaques da escola são Carlinhos de Jesus, Fernando Rocha, apresentador do programa “Bem Estar”, da Globo, e a dançarina do Faustão, Juliana Valcezia.
Samba-enredo: “Do Canindé ao samba no pé. A Vila Madalena nos passos do balé”
É na ginga da dança… que eu vou
Solta o corpo e balança… amor
Vem ver como é que é, samba na ponta do pé
Pérola Negra vem nos passos do balé
É carnaval, a minha vila contagia
A joia rara te convida pra dançar
O som da mata ecoou em sinfonia
A revoada cortando o ar
Das águas, o bailar da sutileza
Celebrando a natureza
O índio cantou e dançou a noite inteira
Da fé rituais em louvor, ôô
Com cheiro de mato, o som da viola embalou
Negro firma o batuque na palma da mão
Vem no toque de Angola, levanta a poeira do chão
Fazendo festa pro seu rei coroar
“Semba” ioiô, samba iaiá!
E sanfoneiro puxa o fole bem ligeiro
Pra folia começar
Bate zabumba e pandeiro
Tem quadrilha no arraiá
Nas ruas o povo espalha alegria
A boemia encontra o seu “santo lar”
De portas abertas a cultura
Ritmando a mistura da arte popular
Olé, olé, olé, olá,
Faz mais um eu quero ver a galera delirar
E nesse embalo lá vou eu
Na Vila Madalena samba até quem já morreu.