O diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso Lima, afirmou nesta terça-feira, 27, que os investimentos estrangeiros no Brasil devem continuar caindo nos próximos anos. Se no ano passado o País ficou em sexto lugar no ranking mundial de receptores de investimento, este ano já deve haver uma queda para a nona posição.
“Nos próximos anos os investimentos serão menores do que nas últimas estatísticas do Banco Central. A composição atual dos investimentos já mostra isso. Antes, a participação de novas plantas era de 41% do total, e agora caiu para 29%. Já os investimentos em modernização de unidades existentes, que antes eram 2%, agora são quase 10%”, comentou durante o seminário Investimento no Brasil e brasileiro no exterior, promovido pela Sobeet.
Ele explicou que o Brasil não está conseguindo capturar a nova origem dos fluxos de investimento estrangeiro direto (IED), que está cada vez mais mudando para a Ásia. “As perspectivas são menos favoráveis para o IED no mundo, menos ainda nos países em desenvolvimento e menos ainda no Brasil.”
Para Lima, é preciso buscar novos acordos comerciais. “O Mercosul teve um papel importante, mas agora os interesses podem e devem olhar além, transbordando o Mercosul. É urgente a expansão de acordos para outros países onde tenhamos potencial para receber investimentos.”
Já Pedro Motta Veiga, do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), comentou que a presença de investimentos brasileiros no exterior ainda é muito limitada. O País teve um ciclo precoce de internacionalização na década de 1990, concentrado na Petrobras e algumas empreiteiras, mas não acompanhou o processo internacionalização dos emergentes nos anos 1990, lembrou.
Ele explicou que, seguindo os dados oficiais, grande parte do IED brasileiro em outros países está concentrado em paraísos fiscais e nações europeias que têm legislação tributária favorável para holdings, como a Áustria, Países Baixos e Luxemburgo. “O total de empresas industriais brasileiras com investimento produtivo no exterior é muito pequeno, não passa de 45”, apontou.
O pesquisador apontou que no Brasil a atração de IED ainda é parte da estratégia de substituição de importação, para preservar a base de produção industrial. “Cenários alternativos para o IED no Brasil e os investimentos do País no exterior dependem da mudança de condicionantes. Precisamos da adoção de uma política de apoio ao IED de empresas brasileiras no exterior, para eliminar o déficit de competitividade das transnacionais brasileiras frente a outros países emergentes”, defendeu.