Estadão

Perspectivas de ajustes para baixo nos gastos extrateto trazem alívio aos juros

A perspectiva de que as negociações no Congresso reduzam o montante extrateto pedido pelo novo governo trouxeram nesta sexta-feira, 18, alívio à curva de juros, que sustentou alta forte na véspera, entretanto, já encerrando a sessão bem distante das máximas vistas pela manhã. Segundo apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), os negociadores da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição teriam recebido a indicação de lideranças de outros partidos no Parlamento de que o limite de alta de gastos de R$ 200 bilhões deve cair na tramitação que começa a partir de agora, e que aceitariam um valor em torno de R$ 160 bilhões.

De acordo com a análise da Nova Futura Investimentos, o esforço recente do novo governo para reduzir a dispensa fiscal da PEC abre espaço para um alívio de curto prazo, mas o mercado de juros segue suscetível a novos desenvolvimentos não apenas sobre a PEC, mas a composição da equipe econômica do próximo governo.

Às 9h44, a taxa do contrato DI para janeiro de 2024 era de 13,99% ante 14,15% do ajuste da véspera e a para janeiro de 2027 estava em 13,15% de 13,30%.

Ontem, a redução da pressão sobre a curva na sessão estendida veio após a confirmação da renúncia do ex-ministro Guido Mantega ao grupo de trabalho da transição que tratava das áreas de orçamento e planejamento.

Ao mesmo tempo, a equipe de transição acenou com um corte de despesas, com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), dizendo não haver motivo para "estresse" e que o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), buscará formas de cortar gastos.

Segundo Alckmin, haverá superávit primário e redução da dívida. "Mas isso não se faz em 24 horas, se faz no tempo. É uma combinação de resultado primário, de curva da dívida e de gastos. Tem de compor esse conjunto. Então, não há razão para esse estresse, eu vejo com otimismo", afirmou.

E, para compor o cenário, economistas renomados como Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan escreveram uma carta ao presidente eleito mostrando desacordo com a fala do petista durante a COP-27, no Egito, de que alta de juros e queda da bolsa são determinados pela atuação de especuladores.

Aliado a isso, Henrique Meirelles fez um tuíte e dois maiores bancos, Bradesco e Itaú, manifestaram forte preocupação com o rumo que as coisas estão tomando.

Hoje, as palavras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também já fez sua parte dando recados sobre a importância do equilíbrio fiscal e os riscos para a trajetória da política monetária, ficam no radar desta manhã. Ele participa de evento da Bloomberg, em São Paulo. Foco também em novas declarações de Lula, que segue na COP-27.

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