O Governo do Peru respondeu, em nota oficial publicada nesta quinta-feira, às afirmações de Vanderlei Luxemburgo sobre o surto da Síndrome de Guillain-Barré – infecção bacteriana e viral aguda que pode provocar paralisia em casos graves – vivida pelo país. O treinador do Corinthians disse estar preocupado com o jogo da próxima terça-feira, em Lima, contra o Universitario, pela Copa Sul-Americana, pois considera a viagem um risco à saúde do elenco e demais profissionais corintianos. O comunicado peruano, contudo, afirma que não há motivo para preocupação, pois a condição não é transmissível entre pessoas.
"Diante das declarações do técnico do Corinthians, do Brasil, Vanderlei Luxemburgo, de que jogar no Peru é um risco devido a casos de síndrome de Guillain-Barré, o Ministério da Saúde (Minsa) especifica o seguinte: A síndrome de Guillain Barré (GBS) não é transmitida de pessoa para pessoa, portanto os jogadores do clube brasileiro não correm risco de contágio em nosso país. Esta doença é uma condição rara em que o próprio sistema imunológico do paciente ataca os nervos periféricos", diz o texto.
Luxemburgo questionou a segurança sanitária da viagem ao Peru na última terça-feira, após o Corinthians vencer o Universitario por 1 a 0, no jogo de ida. Para se justificar, ele citou que veículos de imprensa decidiram não enviar equipe para cobertura da segunda partida, como é o caso da ESPN, que detém os direitos de transmissão do duelo.
"Cancelaram a ida dos profissionais da imprensa. Quem é o responsável por nós viajarmos lá e nos contaminarmos? Quem permitiu o jogo? Há um decreto federal do Ministério da Saúde e isso precisa ser respeitado. É um problema muito sério", disse o técnico. "Não queremos deixar de jogar, mas é preciso ter responsabilidade para não colocar em risco a nossa saúde. A imprensa não estará. Por que não muda de país? Não é brincadeira. Por que no futebol sempre precisa de algo grave para ter mais responsabilidade? Se eu não for para cuidar da minha saúde, serei criticado. Tenho que me expor?", completou.
No comunicado, o Governo do Peru explica que a declaração da emergência sanitária foi realizada para facilitar a aquisição de medicamentos necessários para o tratamento dos infectados. Além disso, reforça que o Ministério da Saúde não estabeleceu nenhuma restrição relativa a reuniões, viagens e eventos. O texto termina com dicas de prevenção.
"Para reduzir o risco de adoecimento por GBS, o setor de Saúde recomenda a lavagem adequada das mãos por um período de 20 segundos, beber água potável, lavar e desinfetar frutas e vegetais antes de comê-los, manter a higiene no manuseio e preparo dos alimentos e culinária", diz a nota, antes de destacar que "a doença está presente em vários países".
O QUE É A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ?
A Síndrome de Guillain-Barré pode ocorrer por infecção bacteriana ou viral aguda. Seus sintomas incluem fraqueza e formigamento nos pés e nas pernas que, posteriormente, se estendem para a parte superior do corpo. Em casos extremos, a doença pode provocar paralisia. A SGB é, inclusive, a causa mais comum de paralisia flácida no mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de "distúrbio pelo qual o sistema imunitário do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso periférico". Esses nervos periféricos controlam os músculos do corpo, por isso os sintomas na mobilidade.
A OMS afirma ainda que a síndrome pode ser desencadeada por diversos tipos de infecções, incluindo dengue, chikungunya e zika. Por isso, países tropicais, como o Peru, o Brasil e outros da América Latina, têm maior ocorrência da GBS.
No Peru, os adoecidos pela Síndrome de Guillain-Barré aumentaram em 2023. Neste ano, o país já registrou 182 casos confirmados da doença. Destes, quatro pessoas morreram, 31 estão internados e 147 receberam alta hospitalar. A situação levou o governo local a declarar emergência sanitária por 90 dias, por meio de decreto emitido no último sábado, 8.