Economistas do setor privado passaram a estimar que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 deve ter retração de 1,50% ante queda de 1,49% verificada na edição anterior do Relatório de Mercado Focus. O documento é divulgado pelo Banco Central toda segunda-feira pela manhã. Com a nova previsão, foi a sétima revisão para baixo consecutiva. Há quatro semanas, a mediana era de -1,30%. A perspectiva de recuperação da atividade no ano que vem também segue debilitada. Depois de ser reduzida de 0,70% para 0,50% na semana passada, agora foi mantida nesse patamar, de acordo com o boletim Focus. Um mês antes, estava em 1,00%.
O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção, de queda de 0,60% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3,0%.
Segundo o BC, essa piora foi influenciada por impactos das reduções projetadas para a indústria de transformação, de -3,4% para -6%, e para a produção e distribuição de eletricidade, água e gás, de -1,4% para -5,6%, refletindo cenário de aumento da participação de termelétricas na oferta de energia e de redução do consumo de água no primeiro trimestre do ano. Para o setor de serviços, a autoridade monetária, que até março via uma ligeira expansão de 0,10% em 2015, passou a projetar queda de 0,80%.
No boletim Focus desta segunda-feira, a projeção para a produção industrial passou de queda de 4,00% em 2015 para baixa de 4,72%. Quatro edições da pesquisa atrás, a mediana das previsões para o setor fabril era de uma retração de 3,20%. Já para 2016, a mediana das estimativas passou de +1,50% para +1,35%. Um mês antes, a mediana das previsões do mercado para esse indicador era de uma alta de 1,50%.
Os analistas não mexeram em suas estimativas para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Deve encerrar 2015 em 37,30% e 2016, em 38,05%. Há quatro semanas, a mediana das previsões para esse indicador eram de, respectivamente, 37,90% e 38,50%.
Taxa Selic
Ao mesmo tempo que o mercado financeiro deu uma trégua nas estimativas para a inflação do ano que vem, também mudou a perspectiva sobre o rumo no mesmo período da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Houve um aumento na mediana das previsões para 2016 de 12,00% ao ano, onde estava estacionada há cinco semanas, para 12,06% agora. Como as altas da taxa básica ocorrem a cada 0,25 ponto porcentual – ou seus múltiplos – a nova projeção na Focus indica que o mercado ainda está dividido sobre o nível da Selic no encerramento do ano que vem – se será de 12% ou de 12,25% ao ano. A alteração reflete o tom mais duro adotado pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação de junho e de afirmações contundentes de vários porta-vozes da instituição em relação à “determinação” e “perseverança” da autoridade monetária no combate à inflação. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.
Já sobre 2015, a previsão de 14,50% vista na semana passada foi mantida agora. Há um mês, a estimativa observada no boletim era de que a Selic encerrasse 2015 em 14,00% ao ano. A taxa média da Selic para 2015 ficou inalterada em 13,72% ao ano. Quatro semanas antes, essa taxa média estava em 13,50% ao ano. No caso de 2016, a mediana das projeções subiu de 13,21% ao ano para 13,38%, o que também reforça que as mudanças nas planilhas dos analistas é para cima.
Entre os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o Top 5 no médio prazo, não houve mudança para 2015: a Selic vai encerrar em 14,25% ao ano. Um mês antes eles projetavam 13,75%. Para 2016, a mediana subiu de 11,75% ao ano para 12,00% ao ano. Quatro semanas atrás a expectativa era de 11,50%. Para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para o final deste mês, foi mantida a expectativa de alta dos juros básicos da economia para 14,25% ao ano.