Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho (MT) nessa quinta-feira, 31, apontam que a central sindical que mais cresceu durante o mandado de Dilma Rousseff foi a União Geral de Trabalhadores (UGT), entidade ligada ao PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Ela saiu de 7,9% para 11,9% nesse período.
Ontem, a presidente Dilma recebeu ontem o apoio formal a sua reeleição da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo, mas com um dado negativo: a entidade encolheu durante o seu mandato.
Segundo dados do MT, no fim da gestão Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT tinha registrado um índice de representatividade (taxa que representa o número de sindicatos e trabalhadores filiados) de 38,3%, que caiu desde então para 34,4%. A Força Sindical caiu de 14,1% para 12,6%.
Emulando a prática “nem de direita, nem de esquerda” do partido que Kassab criou em 2011, a UGT ultrapassou a marca de mil sindicatos. O crescimento da UGT no governo acompanhou o do partido ao qual é vinculado. Ambos têm o mesmo perfil. O PSD abrigou dissidentes de todas as esferas políticas, assim como a UGT.
“Somos plurais e pragmáticos. Estou, como cidadão, com Dilma para presidente de novo, mas lideranças de nossa central, ligadas ao PPS e ao PSB, vão com Eduardo Campos para presidente. Estamos com Paulo Skaf, em São Paulo, mas conversamos com todos”, afirmou Ricardo Patah, presidente da UGT e integrante da executiva nacional do PSD, partido no qual se filiou em 2011.
O presidente da CUT em São Paulo, Adi dos Santos, critica essa posição. “Há um rearranjo no movimento sindical, com muitos sindicatos buscando facilidades. Na CUT não é assim. Aqui há concepção política e de luta. Não estamos preocupados com essa queda no número de sindicatos, porque nosso foco é com os trabalhadores, que precisam de sindicatos sérios, e de um governo com projeto social e trabalhista. Por isso estamos com a presidente Dilma Rousseff”, disse.
A Força, por outro lado, caminhou para os braços do senador Aécio Neves (PSDB). O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e o atual presidente da Força, Miguel Torres, cerram fileiras no Solidariedade, que foi o primeiro partido a declarar apoio formal à chapa presidencial tucana. Além deles, a Força também tem duas lideranças importantes com Aécio – o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de São Paulo, Antônio Ramalho, e o líder da Federação de Alimentação de Minas Gerais, Melquíades Araújo.
“Se o movimento sindical não souber ser pluripartidário, vamos cair numa guerra interna. Temos que saber conviver com as diversas opções ideológicas de seus dirigentes. Tentar direcionar todos para um mesmo projeto é um erro. É preciso separar”, afirmou João Carlos Gonçalves, o Juruna (PDT), secretário-geral da Força. Fundador da Força, Juruna faz parte do grupo de lideranças na entidade que apoia a presidente Dilma.
A UGT tem crescido em cima de sindicatos da CUT e da Força. No ano passado, o Sindicato dos Comerciários de Sergipe, que representa mais de 220 mil trabalhadores, deixou a CUT e passou a ser filiado à UGT. Além disso, a poderosa Federação dos Comerciários de São Paulo, há 22 anos uma das principais entidades da Força Sindical, migrou para a UGT.
Além do posicionamento político “aberto”, como chamam os sindicalistas, a UGT tem se aproveitado de uma circunstância histórica do governo Dilma: a queda do emprego industrial e o aumento na formalização de trabalhadores de comércio e serviços. Tradicionais entre metalúrgicos, químicos e têxteis, CUT e Força perdem representados e associados neste cenário, processo inverso da UGT.
Segundo um líder sindical petista, a consolidação da UGT como central de comerciários aumenta a “salada mista do PSD”. Isso porque o partido de Kassab tem na direção nacional tanto Patah, que além da UGT comanda o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, quanto o ministro Guilherme Afif Domingos, histórica liderança empresarial da Associação Comercial de São Paulo.