Mais de 80% de pais, mães e responsáveis que não aderiram à campanha de vacinação contra a gripe no ano passado pretendem imunizar as crianças neste ano. E o motivo é simples: eles ficaram preocupados com o grande número de casos fora de época registrados no fim do ano passado. Os dados fazem parte de uma pesquisa feita pelo Instituto QualiBest, a pedido do laboratório Sanofi. Foram ouvidas 847 pessoas nas cinco regiões do País entre os dias 15 e 25 de março.
A campanha deste ano começou em 4 de abril, orientada para idosos. Desde o último dia 30, a vacina está disponível para as crianças de 6 meses a 5 anos. Segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), a cobertura ainda está muito aquém do ideal. Apenas 25% da população se vacinou contra a gripe este ano, um número muito baixo.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, das 43,1 milhões de crianças elegíveis, só 14,3 milhões receberam a vacina. No Estado de São Paulo, até agora, foram aplicadas só 357,4 mil doses nas crianças (13,5% de cobertura vacinal).
"A cobertura de todas as vacinas, não só a da gripe, oscila em função da percepção de risco da população. Quanto maior o número de casos e óbitos, maior o alcance da imunização", afirmou Kfouri. "Com o surto fora de época em dezembro do ano passado, a volta às aulas e a expansão dos vírus respiratórios represados, parece que as pessoas pretendem vacinar as crianças. Vamos ver se essa intenção declarada se traduz em ato, porque até agora a cobertura está muito baixa."
No ano passado, a cobertura entre as crianças ficou em 76% – longe do ideal de 95%. Segundo Kfouri, as crianças são um elo crucial na cadeia de transmissão porque elas eliminam o vírus durante mais tempo, mantendo-o em circulação. Além disso, elas podem transmitir a doença para os idosos, tradicionalmente mais vulneráveis à doença. O médico explicou ainda que o excesso de crianças doentes sobrecarrega o sistema de saúde.
Divulgado nesta quinta-feira, 12, o novo Boletim Infogripe, da Fiocruz, aponta indícios de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG). De acordo com o boletim, 41,2% dos novos casos estão relacionados ao vírus sincicial respiratório, 37% ao Sars-CoV-2, 2,9% à influenza A e 0,5% à influenza B.