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Pesquisadores desenvolvem aplicativo para identificar focos e casos de dengue

Um aplicativo para celular criado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permite à população apontar focos de mosquito e locais em que há casos de dengue, zika ou chikungunya. O Observatório do Aedes aegypti funciona como um aplicativo de trânsito – as informações dos usuários ajudam a montar o mapa das regiões com maior concentração de insetos. Os dados são encaminhados para as prefeituras de todo o País e é possível, ainda, acompanhar se os órgãos públicos tomaram providências e quanto tempo levaram.

“Desenvolvemos o aplicativo para que a população possa denunciar tanto o foco quanto casos suspeitos. Quando eu tenho a informação de que na mesma região há foco do mosquito e de pessoa doente, esse é um indicativo forte de que pode haver um surto ali. Porque o foco indica apenas o risco da doença. O sistema faz esses cruzamentos”, explica Ricardo Valentim, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais). “O aplicativo vai acompanhar desde o registro até a resolução. E se não for resolvido, o cidadão pode pegar aquele registro e procurar outro órgão, que ajude nesse processo de fiscalização. Será uma grande ferramenta também para os Ministérios Públicos”.

Bolsistas de iniciação científica atuam como monitores do Observatório da Dengue. Eles encaminham os dados por e-mail para as prefeituras de regiões que fizeram denúncia. Depois de uma semana, eles entram em contato com alguns usuários para saber se o problema foi resolvido. Valentim apresentou nesta terça-feira, 23, o projeto para a assessoria técnica do Ministério da Saúde e para a Secretaria de Vigilância em Saúde. “Se o ministério encampar o aplicativo, essa comunicação com as prefeituras ganha mais agilidade. Vai deixar de ser manual e para se tornar integrada”, afirma Valentim.

Lançado no Rio Grande do Norte, o aplicativo recebeu contribuições principalmente daquele Estado. Mas moradores de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo estão entre os que denunciaram focos de mosquito e informaram casos da doença. Foi o caso de uma estudante de 26 anos, moradora do bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre (RS). “Tem uma piscina do lado de casa que está abandonada há bastante tempo. Os moradores não têm cuidado, não colocam cloro. A água está parada e bem verde. Não tivemos dengue, nem zika, mas estou preocupada”, disse a estudante, que prefere não se identificar para evitar conflito com os vizinhos. Ela fez a denúncia na semana passada, mas ainda não teve retorno.

Para Valetim, o aplicativo pode ajudar, inclusive, os gestores da área da saúde. “Hoje o processo é todo manual. Entre um agente de endemias identificar o foco e essa informação chegar ao gestor, leva três meses. Três meses é tempo suficiente para haver um surto numa região”.

Os últimos dados disponíveis do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que aponta a proporção de casas infestadas pelo mosquito, são de outubro – 4% das residências tinham larvas do Aedes. Desde novembro, militares, agente de saúde e de endemias fazem visitas aos domicílios para eliminar focos e orientar moradores. A meta é vistoriar todas as residências do País – 40,9% dos imóveis do Brasil receberam essas visitas. Por conta desse trabalho, não haverá atualização do LIRAa, em março. Mas o Ministério da Saúde informa que não há perda de informação. As equipes também estão informando quantas casas vistoriadas tinham focos do Aedes aegypti (3,77%), ainda que adotando modelo diferente para captar os dados. A meta é reduzir a infestação para 1%.

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