PT e partidos aliados divergiram na terça-feira, 7, sobre o tom das notas de apoio à presidente Dilma Rousseff, explicitando a diferença na estratégia para combater a crise política.
Enquanto as bancadas petistas na Câmara e no Senado optaram por classificar de “golpista” a oposição – “o partido tucano assumiu de vez, e sem qualquer pudor, a camisa do golpismo” -, os aliados preferiram demonstrar na nota assinada por oito siglas da base (PT, PMDB, PDT, PROS, PRB, PC do B, PR e PSD) “convicção” nos argumentos do governo sobre as contas de 2014 e reafirmar “respeito à Constituição e seu inarredável compromisso com a vontade popular expressa nas urnas e com a legalidade democrática”.
Constrangimento
O presidente do PT, Rui Falcão, queria que a nota dos aliados contivesse um tom mais efusivo em defesa da presidente e menções diretas ao Tribunal de Contas da União. Isso acabou por causar constrangimento aos líderes das siglas da base, que preferiram divulgar uma nota mais “amena” e com apenas citação indireta ao tribunal.
Prevaleceu o entendimento de que os ministros do TCU ainda não se pronunciaram sobre o caso das “pedaladas fiscais”. Em razão disso, uma citação ao tribunal poderia desencadear uma reação negativa.
Falcão chegou com a nota pronta na reunião realizada na Vice-Presidência da República com lideranças da base aliada, mas teve de fazer mudanças defendidas por alguns dos presentes. Foram retirados do texto ataques diretos à oposição, liderada pelo PSDB, do senador Aécio Neves (MG), o que fez com que o PT produzisse suas próprias notas, mais contundentes. “Não há crise política nenhuma, as instituições estão funcionando regularmente”, disse Falcão, ao deixar o gabinete do vice-presidente.
Chamou atenção o fato de o texto final da nota dos aliados não ter sido assinado por duas legendas da base. O PP, que detém o Ministério da Integração Nacional, e o PTB, que tem indicados no segundo escalão do governo. Somados, os partidos que assinam a nota têm 263 deputados.
A nota também não menciona o processo sobre as prestação de contas da última campanha presidencial, que também deverá ser avaliado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), neste segundo semestre. Segundo fontes, isso ocorreu porque o processo imediato a ser avaliado é o do TCU. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.