Estadão

Petróleo fecha em alta, após ofensiva de Israel reavivar tensões em Gaza

O petróleo fechou em alta e se valorizou na semana. As preocupações pela oferta apoiaram a cotação, conforme as tensões geopolíticas provocam discordâncias entre países e um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas parece cada vez mais incerto.

Na Internacional Commodity Exchange (ICE), o Brent para maio fechou em alta de 2,00% (US$ 1,64), aos US$ 83,55 por barril. Enquanto isso, na New York Mercantile Exchange, o WTI para abril fechou com ganhos de 2,19% (US$ 1,71), a US$ 79,97 o barril. Na semana, o Brent acumulou alta de cerca de 3,40% e o WTI avançou 4,55%.

A ofensiva de Israel que matou mais de 100 civis que esperavam por comida em Gaza reaqueceu as tensões já latentes nesta semana. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ontem que um cessar-fogo entre Israel e Hamas "provavelmente não" vai sair até segunda-feira, 4, ao contrário do que havia falado no início desta semana. Questionado sobre se os relatos desse ataque poderia complicar negociações, Biden respondeu: "Eu sei que vai".

Além da escalada de tensões, a repercussão de uma possível extensão dos cortes voluntários da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) continua dando suporte às pressões altistas. De acordo com o TD Securities, apesar do impulso de curto prazo, estes elementos não mudam o panorama para o médio prazo, visto que com as expectativas de demanda "permanecendo frágeis", e com novos aumentos de produção, "tem sido difícil manter a dinâmica ascendente".

Louis Navellier, da gestora Navellier, também identifica riscos ascendentes no curto prazo, com a procura sazonal por petróleo nos Estados Unidos aumentando e possivelmente oferecendo suporte aos preços. Além disso, os conflitos geopolíticos podem "facilmente" elevar os preços do petróleo temporariamente para perto de US$ 100 pelo barril do Brent, comentou. Porém, ele destaca que o panorama para o fim do ano tende a apresentar uma queda dos preços. Navellier aposta que as eleições nos Estados Unidos influenciarão no mercado da commodity, e que, com uma vitória de Donald Trump, os preços devem cair, como fruto de sua política de "perfurar mais e mais" poços de petróleo.

Para o mês que se inicia, o analista do Bank of America (BofA) Paul Ciana espera que o petróleo continue oscilando perto dos mesmos valores mais altos atingidos em fevereiro. Segundo ele, porém, as quedas serão mais contidas, sem que as mínimas de março sejam tão baixas quanto as vistas em fevereiro.

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