A Petrobras acertou a venda de parte de sua malha de gasodutos para o fundo canadense Brookfield. O negócio, estimado em cerca de R$ 19 bilhões (US$ 5,9 bilhões), envolve uma fatia de 90% na subsidiária Nova Transportadora do Sudeste (NTS). Os termos do acordo serão levados pela estatal, até o fim do mês, ao seu conselho de administração, que terá de aprová-lo. Se confirmada, será a maior venda de ativos realizada pela petroleira em seu plano de desinvestimentos.
A meta da Petrobras é arrecadar US$ 15,1 bilhões até o final deste ano com a venda de ativos, para reequilibrar suas contas. Desde o último ano, a petroleira já negociou cerca de US$ 4,6 bilhões com a venda de participações na Gaspetro, responsável pela gestão das distribuidoras regionais de gás; ativos na Argentina e no Chile; além de campos de petróleo como a área de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos.
O martelo sobre a NTS deve ser batido em reunião do conselho da estatal no próximo dia 28, segundo fontes que acompanham a negociação. Discutida desde o início do ano, a oferta pela malha de gasodutos previa venda de 80% das ações. Em maio, a Petrobrás iniciou negociação exclusiva com a Brookfield, que ampliou a oferta após visitar bases operacionais da empresa.
A proposta é liderada pelos canadenses, mas inclui também investidores asiáticos. A negociação é coordenada pelo Banco Santander. Após a conclusão da venda dos gasodutos no Sudeste, a Petrobras deve iniciar negociações da Nova Transportadora do Nordeste (NTN). As empresas surgiram da cisão da Transportadora Associada de Gás (TAG), no último ano.
Campos maduros
A Petrobras ainda não se manifestou sobre a operação com a Brookfield. Para fechar a meta de desinvestimentos deste ano, a estatal precisa se desfazer de mais US$ 10,5 bilhões, e negocia com investidores mexicanos a venda de empresas do complexo petroquímico de Pernambuco. A petroleira também negocia a venda de campos maduros de petróleo em seis Estados, mas com menor valor de mercado.
Devem ficar para o próximo ano a venda de participações na BR Distribuidora, com o compartilhamento do controle acionário com investidores privados, e da Transpetro, subsidiária de transporte, que seria dividida nas áreas de serviços marítimos e infraestrutura.
As vendas são questionadas por sindicalistas, que organizam uma greve geral na petroleira, ainda sem data definida. Em julho e agosto, houve paralisações de advertência na BR Distribuidora e em campos maduros do Nordeste. “Esta venda é um crime de lesa-pátria. Dinheiro público foi investido nos gasodutos, que são um ativo estratégico e geram riqueza para a empresa. Vamos barrar todo esse processo”, disse Emanuel Cancela, diretor da Federação Nacional de Petroleiros (FNP).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.