O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, disse nesta quinta-feira, 15, que a Petrobras conversa com empresas fora do Brasil para fazer investimentos conjuntos em hidrogênio e energia eólica dentro e fora do País. Ele também mencionou que a Petrobras estuda investimentos em energia fotovoltaica, mas sem sugerir incursões no exterior.
Tolmasquim fez as declarações no evento de lançamento do Centro Virtual de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono da Coppe/ UFRJ, na Ilha do Fundão, que sedia a universidade no Rio de Janeiro.
"Temos uma série de ações para investir em parques eólicos e solares, preferencialmente em parceria com outras grandes empresas no Brasil e fora do Brasil, porque o Brasil ainda não tem marcos regulatórios bem estabelecidos. Estamos falando com várias empresas fora do Brasil tanto em hidrogênio como em eólica", disse ele.
Ao mencionar a falta de regulação, Tolmasquim fazia menção sobretudo à geração eólica em alto-mar e produção de hidrogênio, cujo regramento ainda tramita no Congresso e apenas engatinha nas agências reguladoras. Provocado em entrevistas recentes, Tolmasquim já havia mencionado a possibilidade de estabelecer negócios nessas frentes no exterior para ganhar expertise e descarbonizar o portfólio da Petrobras no futuro mais próximo. Dessa vez, ele não só reforçou o argumento como também mencionou conversas em andamento.
O executivo lembrou que a Petrobras tem acordo com a norueguesa Equinor para estudar e eventualmente estabelecer sete projetos de eólica offshore que perfazem uma capacidade de 14 GW. Mas disse que a Petrobras já conversa com a Equinor para que a Petrobras também estabeleça parcerias com outras grandes empresas com atuação no País.
Tolmasquim disse que as intenções da sua diretoria estão em linha com a recente decisão da diretoria executiva e do conselho de administração de elevar o porcentual de investimento dedicado à descarbonização de 6% para uma faixa até 15% do Capex total.
<b>Hidrogênio como peça central</b>
Pesquisas em hidrogênio já estavam nos planos das gestões anteriores da Petrobras e, agora, entraram de vez no horizonte de negócios da estatal.
Segundo Tolmasquim, a descarbonização passa necessariamente pela eletrificação via fontes renováveis, mas isso só vai dar conta de 70% do processo. O restante, relacionado à demanda de setores como siderurgia, refino, transporte aéreo e marítimo de longa distância, terão como "peça central" o hidrogênio, disse Tolmasquim.
"Nós estamos muito ligados nisso: o hidrogênio está em várias soluções de combustíveis líquidos que vão ser fundamentais para a descarbonização do transporte, que é o principal emissor de gás de efeito estufa", disse Tolmasquim.
Ele destacou que a agenda da Petrobras relacionada a novos combustíveis limpos já está em curso via produção dos chamados Diesel R e BioQAV. Esses combustíveis são resultado do coprocessamento de óleo fóssil e vegetal em refinarias especializadas, caso da Repar, que já tem essas linhas de produção ativas.