Economia

Petrobras lança PDV para cortar 12 mil

A Petrobras deu ontem mais um passo para reduzir de tamanho, ao lançar o segundo programa de incentivo ao desligamento voluntário (PIDV) de empregados dos últimos dois anos, como antecipou o jornal O Estado de S. Paulo no dia 17 de março. A empresa está disposta a pagar de R$ 211 mil a R$ 706 mil para cada concursado que pedir demissão. Assim, espera chegar à mesma estrutura que tinha antes de descobrir o pré-sal, em 2005, e economizar R$ 33,6 bilhões com o pagamento de salários e benefícios, até 2020.

A novidade, dessa vez, é a extensão do incentivo a todos os funcionários e não apenas àqueles já com idade para se aposentar, como havia sido imposto no PIDV lançado em 2014. Mas os 12,44 mil empregados em condições de se aposentar ou com mais de 55 anos, de um total de 57 mil, continuam sendo o foco da direção da petroleira.

Se alcançar a meta, a Petrobras vai demitir, até o ano que vem, o dobro do que demitiu no programa anterior, que contou com a adesão de 6,2 mil funcionários.

A ideia é atrair, principalmente, pessoal da área administrativa, além dos profissionais mais velhos e com mais tempo de trabalho. Por isso, criou uma fórmula para definir o valor de indenização de cada empregado que considera o número de anos completos na companhia e a idade. O salário base também vai contar.

Sem limite

Os “aposentáveis”, porém, não são os únicos candidatos. Em comunicado interno obtido pelo Estado, a diretoria Corporativa e de Serviços informa aos funcionários que não há limite de adesão ao programa e que os desligamentos devem acontecer “no menor prazo possível”, começando por junho deste ano e se alongando até maio do ano que vem. Para isso, a Petrobras vai investir R$ 4,4 bilhões que, em quatro anos, segundo a empresa, deve render um retorno sobre o custo de 657%.

O prazo de inscrição é de 11 de abril a 31 de agosto. Os que se inscreverem primeiro serão os primeiros a serem demitidos, mas, se for considerado que o desligamento do empregado vai comprometer a operação da empresa, poderá ser determinada a extensão do prazo de trabalho do funcionário que aderiu ao programa, o que vai ser compensado com o pagamento de um adicional de meio salário básico por mês, a partir de dezembro deste ano. O PIDV não é válido, no entanto, para os funcionários que estão sendo investigados por práticas de corrupção.

Antes de lançar oficialmente o programa, a Petrobras convocou, ontem, lideranças sindicais para um reunião no Rio de Janeiro. Dos representantes da companhia, os sindicalistas ouviram que não há previsão de lançamento de novos concursos para contratações, os quadros não serão repostos.

“Se todos os trabalhadores de uma área operacional saírem, vão ser repostos os quadros? A resposta da empresa foi clara: não vai haver concurso”, afirmou Adaedson Bezerra da Costa, secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), após participar da reunião.

Em comunicado interno, a Petrobras afirma que, com o PIDV, vai adequar o tamanho da empresa “à realidade atual, com foco na otimização da produtividade, considerando o plano de negócios vigente e as reestruturações em andamento”. A ordem é cortar custos, para atender aos “interesses da companhia” e aos dos empregados “quando possível”.

Os sindicalistas criticaram a proposta porque enxergam nela uma tentativa do governo de enxugar a Petrobras. “O pano de fundo é tornar a empresa atrativa para a venda”, disse Costa. Apesar de admitir que a adesão ao programa é uma decisão pessoal, que deve ser tomada individualmente por cada funcionário, ele gravou um áudio divulgado na internet no qual apela aos empregados da Petrobras para que contrariem a vontade da diretoria e não participem do PIDV. “A hora de abandonar o barco não é agora”, afirmou.

Já o Credit Suisse divulgou avaliação do plano de demissão no qual elogia a medida, mas diz que ainda é “insuficiente”, diante da atual fragilidade financeira da empresa. O banco ressalta que, com o PIDV e a iniciativa de redução dos cargos gerenciais, anunciada na semana passada, a Petrobras deve conseguir cortar US$ 11,5 bilhões dos seus custos em cinco anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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