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Petrobras pesa e Ibovespa cai 0,46%; índice encerra 2022 com ganhos de 4,69%

A fraqueza dos papéis da Petrobras, em meio à indefinição em torno do comando da estatal e a sinais de mudança na política de preços dos combustíveis, impediu que o Ibovespa acompanhasse os ganhos firmes das bolsas em Nova York na sessão desta quinta-feira, 29. Após passar a amanhã com sinal predominante de alta, o principal índice da B3 migrou para terreno negativo à tarde, abaixo dos 110 mil pontos, à medida que absorvia informações vindas de Brasília, onde o presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou os nomes que restavam para compor seu ministério, com a emedebista Simone Tebet no Planejamento. A despeito de acenos do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à austeridade fiscal, a cautela com o futuro das contas públicas ainda permeia os negócios.

Entre máxima aos 111.177,53 pontos, pela manhã, e mínima aos 109.560,31 pontos, o Ibovespa encerrou a última sessão de 2022 em queda de 0,46%, aos 109.734,60 mil pontos, com volume negociado reduzido (R$ 24,5 bilhões). Entre as blue chips, Petrobras PN e ON recuaram 1,21% e 1,61%, respectivamente, em dia de baixa das cotações internacionais do Petróleo. O contrato do Brent para março – referência para a estatal – recuou 0,63%, a US$ 83,46 o barril. As ações da Vale chegaram a esboçar alta superior a 1%, mas perderam fôlego e fecharam o dia em baixa de 0,12%. Os bancos também experimentaram uma troca de sinal no fim do dia: Bradesco ON (-0,44%) e Itaú PN (-0,20%)

Com o recuo de 0,46% hoje, o índice fecha dezembro com perdas de 2,45%. Apesar do tropeço neste mês, o Ibovespa – que havia encerrado 2021 em baixa de 11,93% – termina 2022 com ganhos de 4,69%, desgarrando-se do tombo dos mercados acionários sem Nova York, abalados pela alta de juros nos Estados Unidos. Em 2002, o índice registrou máxima de fechamento aos 121628,22 pontos, em 5 de março, e mínima aos 95,266,94, em 15 de julho.

Analista de investimentos da Mirae Asset, Pedro Galdi lembra que o giro foi bem reduzido hoje, o que tornou o comportamento do Ibovespa mais suscetível a operações pontuais para zeragem de carteiras em fim de ano. "Lula apresentou os ministros, mas o presidente da Petrobras ficou para depois, o que prejudicou os papéis da empresa e pressionou o Ibovespa. Existe o medo de ingerência nos preços de combustíveis lá na frente", diz Galdi, ressaltando, contudo, que o índice caiu menos que seus pares em Nova York no mês e terminou o ano com saldo positivo, apesar do ambiente externo de pouco apetite ao risco.

À tarde, o futuro ministro de Minas e Energia, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), disse que a escolha do presidente da Petrobras "fica para segundo momento, inclusive por causa da Lei das Estatais". Nos últimos dias, o nome mais cotado para comandar a petroleira é o do senador petista Jean Paul Prates (RN). Também foi colocado na mesa o nome da ex-diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Magda Chambriard.

Silveira afirmou que "com certeza haverá" revisão da política de preço de paridade de importação e que não está descartada a possibilidade de nova desoneração dos combustíveis. A isenção de PIS/Cofins para gasolina, diesel e gás se encerra no dia 31 de dezembro.

Já o presidente Lula garantiu que a queda dos preços dos combustíveis "vai acontecer a partir do momento" em que for montada a diretoria da Petrobras, o que "ainda leva tempo", em razão da legislação que rege a gestão das estatais.

"Haddad sinalizou uma gestão mais responsável do ponto de vista fiscal, o que trouxe uma boa expectativa para os agentes do mercado. O que preocupou e causou desconforto foram declarações de Lula à tarde sobre a Petrobras e a mudança da política de preços dos combustíveis", afirma o especialista em renda variável Gustavo Neves, da Blue3 Investimentos.

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