A Petrobras revelou nesta quarta-feira, 1, o primeiro ativo da lista de desinvestimentos que pretende fazer até 2018, com previsão de levantar US$ 57,7 bilhões. A estatal informou que a diretoria executiva autorizou a elaboração de estudos para buscar alternativas estratégicas para a subsidiária Petrobras Distribuidora (BR).
Entre as opções estão a busca de um sócio estratégico e a abertura de capital, tornando a BR uma empresa listada no Novo Mercado, segmento da BM&FBovespa que exige melhores práticas de governanças corporativa. A Petrobras ponderou que a realização de uma abertura de capital dependerá, no entanto, de condições favoráveis dos mercados de capitais nacional e internacional.
Apesar da movimentação, especialistas avaliam que a petroleira pode enfrentar dificuldades para tirar do papel o programa de vendas, fundamental para o seu processo de desalavancagem. Desde o segundo semestre de 2011, a empresa acumula apenas US$ 7,8 bilhões com desinvestimentos. Na oportunidade, a estatal divulgou um plano para o período 2011-2015, no qual estimava conseguir captar US$ 13,6 bilhões.
A desconfiança ganha ainda mais força quando considerado o desejo da estatal em obter US$ 42,6 bilhões entre 2017 e 2018. Para este ano e o próximo, a meta de desinvestimentos é de US$ 15,1 bilhões.
“O plano de negócios é muito obscuro, não traz informações detalhadas sobre as intenções da empresa, por isso é muito difícil fazer qualquer avaliação sobre as metas. A única afirmação plausível é que essa é realmente uma meta muito ambiciosa, acima dos padrões da indústria”, diz Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ.
A tarefa, já considerada difícil tendo como base o histórico dos últimos anos, deve se tornar ainda mais árdua diante do cenário atual. As perspectivas em relação ao preço do barril do petróleo são desfavoráveis e os potenciais interessados em ativos da estatal sabem da dificuldade financeira enfrentada pela companhia. Para piorar, a economia brasileira apresenta deterioração, o que também pode depreciar alguns ativos.
A nova gestão da empresa, agora sob o comando de Aldemir Bendine, e o real mais desvalorizado em relação ao dólar, por outro lado, são considerados facilitadores a eventuais novos negócios. “A visão que eles deram é que, se tem de vender, vamos vender. Antes, tinha uma relação quase sentimental com as empresas”, diz o consultor Flávio Conde, do blog WhatsCall, em referência à gestão da ex-presidente Graça Foster.
Gás
Entre executivos e especialistas dos setores nos quais a Petrobras atua, é dado como certo o interesse da companhia em se desfazer de ativos controlados pela Gaspetro, por exemplo. No mês passado, o diretor da Comgás, Carlos Eduardo Brescia, disse que a Cosan, controladora da companhia, analisava o movimento de venda de ativos da companhia. A especulação no mercado é que a estatal receberá neste mês as propostas de empresas interessadas, a maior parte estrangeira.
Na mesma oportunidade, Brescia disse que a estatal pretendia vender só 49% da Transpetro, mantendo o controle da empresa. Participações na Liquigás, Braskem e em ativos de logística também seriam alvo de desinvestimento. As térmicas e ativos da área de exploração e produção também estariam à venda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.