O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta quarta-feira, 11, que a Petrobras teve um papel extraordinário no processo de crescimento do Brasil e segue um fator "determinante" para a indução de desenvolvimento, industrialização e crescimento do País.
Em discurso no evento "Caminhos para transição energética justa no Brasil", realizado em parceria com a estatal, o executivo citou que há muita sintonia com a construção de uma empresa de petróleo que está se preparando para uma transição, citando potencial da empresa em desenvolver novas fontes.
"O grande desafio é uma responsabilidade ambiental compartilhada e diferenciada. O Brasil tem um posicionamento muito favorável para liderar entre o G20 esse processo de construir uma economia verde em direção à carbono zero", disse durante abertura do evento. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, também está presente.
Mercadante ressaltou, porém, que ainda não há um combustível que substitua o petróleo que, segundo ele, ainda é fundamental para matriz de transporte e energética. "Petrobras tem um papel fundamental para continuar produzindo petróleo e descobrindo novas reservas", disse. "Se tivermos inteligência estratégica, essa renda do petróleo pode ser grande diferencial para Brasil acelerar sua transição energética."
Em uma sinalização à estatal, o executivo afirmou que o BNDES está de "mão amarrada" com a empresa e afirmou que problemas serão discutidos para encontrar soluções.
"Estamos com mão amarrada porque temos uma lei, por exemplo, que só podemos financiar até cinco anos. Temos linha de créditos aqui de 35 anos, mas quando fala de Petrobras não podemos. Mas, vamos encontrar soluções dentro dessas restrições", disse, citando financiamentos do BNDES junto à Petrobras para construção de gasodutos, refinarias e na exploração e petróleo.
Antes de iniciar seu discurso, Mercadante pediu um minuto de silêncio "para todas as vítimas dessa marcha da insensatez que está acontecendo agora no território de Gaza".
<b>Competitividade em fontes complementares para a transição energética</b>
O presidente do BNDES disse também que a Petrobras tem toda tecnologia para ser muito competitiva em fontes complementares para a transição energética, defendendo que haja investimentos para desenvolvimento de eólica offshore e citando o potencial do hidrogênio verde para o futuro.
Ele afirmou que uma das medidas em andamento é em relação aos fornecedores da Petrobrás. "Se eles têm contratos recebíveis, nós podemos acelerar financiamento e ajustar, mesmo porque há uma fuga de fornecedores desse setor em função do desafio da transição climática, mas eles ainda são imprescindíveis tanto para isso quanto para a transição climática e para novas fontes de energia."
Mercante afirmou que o BNDES pretende estar próximo à empresa e ajudar.
<b>Margem Equatorial</b>
O presidente do BNDES defendeu ainda que o potencial de exploração na chamada margem equatorial é imenso para o País. Segundo ele, mesmo com novas fontes que devem ser impulsionadas, o petróleo continuará existindo nos próximos anos.
"O potencial de toda margem equatorial é imenso para o Brasil. E a Petrobras tem tecnologia, tem mais de 3 mil perfurações com total segurança nessa fase de exploração", disse Mercadante.
Defendendo que a empresa tem um papel fundamental para o crescimento do País, o executivo afirmou ainda que o Brasil precisa muito mais da Petrobras além de pagamentos de bons dividendos.
Ele citou que o País precisa "muito mais" da empresa para refinarias, em embarcações e em estruturas logísticas de produção, que são essenciais para economia.
Mercadante defendeu ainda que é necessário descobrir novas reservas de petróleo, com todo respeito ao Ibama, melhores práticas e exigências. "Acho que a Petrobras tem entrega, por tudo que já fez, para produzirmos de forma segura."
Ele afirmou ainda que a renda do petróleo pode ser um grande instrumento para financiar a preservação da Amazônia.
No fim do mês, o Ibama concedeu uma licença para a Petrobras perfurar duas áreas na Bacia de Potiguar, no litoral do Rio Grande do Norte, na margem equatorial. A permissão veio após um impasse sobre o tema no governo, causado por uma negativa de licença em relação à outra área.