O Ibovespa renovou o maior nível do ano no pregão desta quarta-feira, 7, amparado pelo fortalecimento das apostas em um corte da taxa Selic a partir de agosto após o IPCA ter mostrado inflação menor do que o esperado em maio. Puxados pelo noticiário corporativo e pelos preços de commodities, os papéis da Petrobras e Vale também anotaram fortes ganhos na sessão e contribuíram para a alta da referência da B3.
Essa combinação de fatores levou à quinta alta seguida do Ibovespa, que encerrou o dia com ganho de 0,77%, a 115.488,16 pontos – superando os 114.610,10 da véspera, até então o maior nível do ano. Assim, foi além da marca de 115 mil pontos pela primeira vez desde 8 de novembro. O índice sustentou alta durante todo o dia, mesmo na mínima (114.610,22). Na máxima (115.978,12), ficou a apenas 21,88 pontos de romper a barreira dos 116 mil.
Assim como na véspera, o fortalecimento das apostas em cortes da taxa Selic em breve direcionou os ganhos do Ibovespa nesta sessão. Essa perspectiva foi favorecida pelo IPCA, que mostrou alívio da inflação de 0,61% em abril para 0,23% em maio, abaixo do consenso do mercado (0,33%). Em 12 meses, cedeu de 4,18% para 3,94%, aquém de 4% pela primeira vez desde outubro de 2020.
Após o resultado, instituições do mercado anunciaram revisões nas projeções para a inflação de 2023 – algumas para baixo na linha de 5%, a exemplo de UBS BB (5,0% para 4,9%), Warren Rena (5,0% para 4,8%) e Garde Asset (5,1% para 4,9%). Outras, como Credit Suisse e Nova Futura Investimentos, fizeram revisões mais modestas, mas anteciparam a projeção de início do ciclo de cortes da taxa Selic de setembro para agosto.
"São fortes as apostas de que os juros devem cair e isso acaba catalisando o movimento das ações", diz o sócio e analista da Finacap Investimentos Felipe Moura. "Como o Ibovespa estava em um nível de valuation muito deprimido, só faltava uma faísca para o mercado reagir, e essas leituras favoráveis foram essa faísca que levou o mercado a reagir, alinhado a uma percepção de melhora macroeconômica."
A renovação das apostas em cortes de juros permitiu que a referência da B3 se mantivesse descolada de Nova York, onde os índices anotaram desde queda de 1,29% (Nasdaq) até alta de 0,27% (Dow Jones) em meio aos temores de que o Federal Reserve (Fed) pode ser mais duro na condução da política monetária, sobretudo após um aumento inesperado dos juros pelo Banco Central do Canadá nesta quarta-feira, 7, a 4,75%.
Assim, apesar das altas dos rendimentos dos Treasuries, o contrato doméstico de juros futuros para janeiro de 2024 – que reflete as apostas na condução da Selic no curto prazo – encerrou o dia em baixa de 3 pontos-base, favorecendo o desempenho de setores da Bolsa como consumo (0,52%) e imobiliário (0,50%). As taxas dos demais DIs avançaram, mas refletindo também uma realização após a forte queda das últimas semanas.
O desempenho das bluechips Petrobras, com alta de 3,11% (ON) e 2,92% (PN) , e Vale (1,58% ON) também favoreceu o desempenho do índice, em um dia de altas firmes dos preços de petróleo (1,10% WTI e 0,87% Brent) e de minério de ferro praticamente estável na Dalian Commodity Exchange, na China (0,06%). Ambos os papéis foram favorecidos pelo noticiário corporativo.
No caso da Petrobras, a elevação de recomendação dos American Depositary Receipts (ADRs) da empresa pelo Morgan Stanley ajudou a sustentar os movimentos. E o Broadcast apurou que a demanda por novos bonds de 10 anos da Vale atingiu US$ 4,6 bilhões, enquanto a companhia esperava captar US$ 1 bilhão.
Nesta véspera de Corpus Christi, quando não o mercado não funcionará, o Ibovespa atingiu giro financeiro de R$ 28,7 bilhões. A referência da B3 acumula alta de 6,60% no mês de junho e de 5,24% no ano.
As principais altas do índice ficaram com Eneva ON (4,75%), Yduqs ON (3,91%), Carrefour ON (3,46%) e Via ON (3,32%), além de Petrobrás ON. Na ponta negativa, figuram IRB Brasil ON (-6,24%), Azul PN (-3,51%), CSN Mineração ON (-3,35%), Magazine Luiza ON (-2,76%) e Hapvida ON (-2,53%).