Petroleiros de pelo menos três Estados decidiram manter a greve por tempo indeterminado, mesmo após o acordo, anunciado na última sexta-feira, 13, entre a Petrobras e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que coordena a maior parte dos sindicatos da categoria. O movimento dissidente abrange bases da Bacia de Campos, principal região produtora do País. Também em Minas Gerais e Espírito Santo há paralisação de atividades, que leva o movimento à terceira semana. A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne cinco sindicatos, vai decidir em assembleia se continuará a paralisação.
Apesar da manutenção da mobilização nas unidades, a avaliação das lideranças é que o movimento perdeu força nesta terceira semana, após a proposta de acordo coletivo da Petrobras. Não há um balanço oficial de unidades de produção paralisadas e o impacto sobre a produção. Na quinta-feira, a companhia ofereceu reajuste de 9,53% aos trabalhadores, além da manutenção de benefícios. A proposta foi aceita em 10 dos 13 sindicatos coordenados pela FUP.
Representantes do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), responsável pelos trabalhadores nas principais bases produtoras no Rio, estimam que as paralisações ocorram em até oito unidades de produção da Bacia de Campos, responsável por 65% da produção nacional. Antes do acordo, entretanto, o número de adesões ultrapassava a marca de 50 unidades, sendo 30 produtoras de óleo.
Também foram registradas mobilizações no Terminal de Cabiúnas, em Macaé, e na sede da estatal, em Campos. Em Duque de Caxias, onde está localizada a Reduc, uma das principais do País, os trabalhadores já retomaram as atividades. A unidade teve piquetes durante o movimento, e o sindicato estimou em perdas de 30 mil barris de petróleo refinados por dia. Agora, a orientação do sindicato é manter o “estado de greve”, que sinaliza que a categoria pode paralisar novamente caso não haja avanço nas discussões sobre alternativas ao plano de desinvestimentos da estatal.
Em Minas Gerais, a mobilização ocorre com piquetes e bloqueios na refinaria Regap e na termelétrica Aureliano Chaves. Também há paralisação em bases no Espírito Santo, mas não há informações sobre o impacto na produção das unidades. Segundo os dirigentes sindicais, a reivindicação principal dos trabalhadores é quanto ao desconto salarial da metade dos dias parados pelos grevistas.
Primeira entidade a aderir ao movimento, a FNP já contabiliza 19 dias de greve, com paralisações em terminais da Transpetro em Belém, na unidade de Fertilizantes e em campos terrestres de Alagoas e Sergipe, além da refinaria RPBC, em Cubatão, no interior de São Paulo.