Após a repercussão negativa das declarações do vice-presidente Michel Temer (PMDB) de que “fica difícil” para a presidente Dilma Rousseff (PT) concluir seu mandato com uma popularidade tão baixa, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou, há pouco, que discorda da avaliação. “Não concordo, acho que a presidenta pode se recuperar”, disse após participar de debate sobre o setor automotivo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
“O humor dos políticos da base de apoio se movimenta muito com a política econômica. Nós estamos numa fase de ajustes, em todo o País, em todos os Estados, não está fácil”, disse Pezão.
As afirmações de Temer foram feitas na última quinta-feira, 3, durante encontro com empresários em São Paulo e foram mal recebidos pelo Palácio do Planalto. O mal-estar permaneceu mesmo com a tentativa do vice-presidente de desfazer os comentários, ao dizer que “não conspirava” contra Dilma. Na manhã desta terça, segundo Pezão, Temer ligou e reforçou a justificativa de que tudo não passou de um engano.
“Essa questão do vice-presidente, hoje mesmo de manhã ele me ligou se colocando à disposição para ajudar. Nas propostas concretas que poderíamos levar para o Congresso, ele quer ser esse intermediário. E ele falou que foi mal interpretado”, relatou Pezão.
Hoje à noite, Pezão participa de uma reunião da cúpula do PMDB no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer. Participam os sete governadores da legenda, os seis ministros do partido, além do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do presidente do Senado, Renan Calheiros. Nem todos, porém, declaram abertamente apoio a Dilma, como tem feito Pezão.
“A reunião não é para declarar apoio, mas para ver uma saída para o País, para mantermos os empregos”, disse o governador do Rio. “Todos os governadores estão se colocando à disposição, estamos vendo como podemos contribuir para o Brasil arrancar, para o Brasil voltar a crescer, gerar emprego, gerar renda. Isso é o que nos move.”
Pezão afirmou ainda que a pauta-bomba no Congresso “já está um pouco desarmada” e que os parlamentares não podem criar mais despesas hoje, pois o Executivo não tem meios para arcar com esses gastos. “Os governos estão arcando com déficits. A Previdência é uma bomba de efeito retardado. Cada vez que a gente adia a discussão dessas reformas, estamos adiando problema para o futuro”, afirmou.
“Hoje é um ônus muito grande e precisamos ter uma saída para financiar a Previdência pública, que tem déficit este ano estimado em R$ 120 bilhões”, acrescentou o governador.