A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira, 15, três mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). No dia do aniversário do parlamentar, agentes da PF vasculham seu gabinete no Senado e outros dois endereços do senador no Espírito Santo, sua base eleitoral. As diligências foram decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O senador é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Em fevereiro, o parlamentar alegou ter sofrido coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado – mas deu versões diferentes sobre o caso. Em razão das divergências, Alexandre de Moraes mandou abrir inquérito para verificar se o senador mentiu no depoimento à PF sobre o tal do plano golpista.
O ministro definiu a suposta tentativa de golpe como um episódio ridículo , tentativa de operação Tabajara .
Em um primeiro momento, Marcos do Val afirmou que teria sido recebido por Bolsonaro numa reunião no Palácio da Alvorada e o então chefe do Executivo teria sugerido que o parlamentar gravasse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. Segundo essa versão, Bolsonaro chamou Do Val à residência presidencial para dar a ele essa missão.
Depois de receber ligações do clã Bolsonaro, Do Val mudou o relato. Disse que a ideia não partiu de Bolsonaro, mas do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).
"O que ficou claro para mim foi o Daniel achando uma forma de não ser preso de novo, porque toda hora ele descumpria as ordens do ministro (Moraes). Ficou muito claro que ele estava num movimento de manipular e ter o presidente (Bolsonaro) comprando a ideia dele", afirmou em entrevista coletiva em seu gabinete no Senado.
À Polícia Federal, Do Val afirmou que Silveira teria proposto uma missão importantíssima que entraria para a história : que ele fizesse uma gravação clandestina do ministro Alexandre de Moraes e conduzisse a conversa na tentativa de induzi-lo a falar algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição . O objetivo seria anular o resultado da eleição e prender o presidente do TSE.
Do Val chegou a alegar que alertou sobre a ilegalidade do grampo e que Daniel Silveira teria respondido que daria um jeito para tornar a gravação legal , sem especificar como. De acordo com o senador, Bolsonaro ficou calado durante toda a conversa, mas em nenhum momento negou o plano ou mostrou contrariedade . "A sensação era que o ex-presidente não sabia do assunto e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento", narrou.
Após a citação, em março, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a abertura de inquérito para investigar suposto envolvimento de Silveira com os atos golpistas de 8 de janeiro.