A Superintendência da Polícia Federal desencadeou nesta quarta-feira, 03, nos municípios de Poço Verde, Simão Dias, Boquim, Lagarto e Aracaju, em Sergipe, e em Cícero Dantas e Heliópolis, na Bahia, a Operação Poço Vermelho, para combater um suposto grupo de extermínio que atua nestas cidades e tinha a liderança do ex-presidiário José Augusto Aurelino Batista. Ele morreu em 15 de outubro deste ano, após receber voz de prisão da Polícia Civil, que alegou um suposto tiroteio.
Ao todo, 120 policiais federais trabalharam na operação cumprindo 24 mandados judiciais, entre os quais seis de prisões preventivas, três mandados de busca e apreensão e 15 de conduções coercitivas. No total, sete pessoas foram presas, entre elas um escrivão da Polícia Civil e dois integrantes da Polícia Militar, ambos de Sergipe. Também foram apreendidas 11 armas, entre pistolas, espingardas de calibre 12 (escopetas) e um revólver de calibre 38, além de duas armas de brinquedo, com características semelhantes a uma arma de fogo verdadeira.
Nesta operação, foram presos o sargento Leonídio Rosa de Oliveira, que atua na 3ª Companhia do 4º Batalhão da Polícia Militar, no município de Simão Dias, e o soldado Adriano Batista Macedo, da 4ª Companhia do 7º Batalhão da Polícia Militar, no município de Poço Verde. Um destes policiais, embora membro da Polícia Militar de Sergipe, foi localizado no município de Cícero Dantas, na Bahia.
O delegado federal, Milton Neves, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Contra a Pessoa, da Divisão de Direitos Humanos, disse que “em razão da ausência do Estado, a segurança privada e a milícia ganharam força para garantir uma falsa segurança na região”. Ele explicou que esse suposto grupo é investigado desde maio passado, porque estaria envolvido em diversos homicídios, todos com característica de execução.
A investigação começou em virtude de uma suposta lista com nomes de mais de 20 pessoas marcadas para morrer, sendo que nove já foram assassinadas. A maioria das mortes ocorreu em Poço Verde, no sertão sergipano, divisa dos Estados de Sergipe e Bahia, com as vítimas executadas com requintes de crueldade. O nome da operação, Poço Vermelho, é uma alusão a este município sergipano.
Milton Neves disse, também, que, com relação aos militares presos, “existem indícios de que os dois policiais militares estariam ligados a essa milícia, colaborando com o líder da quadrilha e na execução de alguns alvos”. Mas que eles estavam presos por posse ilegal de arma sem ser a oficial de trabalho.
Assim que as prisões começaram a ser feitas no início da manhã desta quarta-feira, diversos advogados foram para a sede da Polícia Federal, em Aracaju, aguardar a chegada dos clientes e tomar as providências para liberá-los. O escrivão da Polícia Civil, Cris Ayslan, por exemplo, foi autuado por porte ilegal de arma – ele portava um revólver 38 não registrado -, foi ouvido e liberado.
O advogado Alexandre Porto, que defendeu o escrivão, disse que contra ele havia um mandado de condução coercitiva, mas quando chegaram à residência dele, em Aracaju, encontraram a arma. Já o advogado Getúlio Sobral, que representa a família do falecido José Augusto Aureliano Batista, disse que apenas acompanhava os trabalhos da Polícia Federal.