A Polícia Federal (PF) deve ouvir nos próximos dias duas testemunhas na investigação sobre um espião russo que se passava por brasileiro. Os depoimentos são da ex-funcionária de um cartório em São Paulo e de um homem apontado como amigo e procurador dele no Brasil. As informações foram divulgadas pelo programa <i>Fantástico</i>, da <i>TV Globo</i>, neste domingo, 11.
Sergey Cherkasov está preso em Brasília enquanto aguarda uma decisão judicial sobre sua extradição. Ele chegou ao Brasil em 2010 e logo teria adotado a identidade falsa de Victor Muller Ferreira. O russo conseguiu passaporte brasileiro, certificado de alistamento militar, título de eleitor, cartão do cidadão e cartão do SUS.
Para as falsificações, o espião contou com a ajuda de uma mulher ligada a um cartório. Em agradecimento aos serviços, chegou a presenteá-la com um colar Swarovski que custou cerca de US$ 400.
Em uma mensagem recuperada por investigadores, Cherkasov disse que ela poderia ajudar com documentos falsos de outros espiões russos.
O espião russo foi descoberto em abril de 2022, quando tentava entrar com o passaporte brasileiro falso em Amsterdã, na Holanda, para fazer um estágio no Tribunal Internacional de Haia. O governo holandês o mandou de volta ao Brasil.
Em audiência, pediu para ser extraditado. O governo russo formalizou um requerimento para que ele responda, no país, a supostas acusações de tráfico de drogas. A reportagem do <i>Fantástico</i> informou que o suposto espião recebeu visitas de representantes russos na cadeia.
Os Estados Unidos também têm interesse no caso, porque Sergey Cherkasov fez mestrado em relações internacionais, entre 2018 e 2020, na Universidade Johns Hopkins, em Washington, o que coloca o Brasil no centro de uma crise diplomática.
A decisão da Justiça sobre o destino de Cherkasov só deve ser tomada depois que a Polícia Federal concluir a investigação sobre as suspeitas de espionagem no Brasil.