Após sofrer uma desaceleração relevante ao longo deste ano, a atividade da construção civil deve voltar a ganhar fôlego no ano que vem. O Produto Interno Bruto (PIB) da construção deve crescer 2,9% em 2024, de acordo com projeção divulgada nesta quarta-feira, 6, pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
A perspectiva de um ano melhor para o setor está baseada em um conjunto de fatores, conforme explicou a coordenadora de estudos da construção da FGV, Ana Maria Castelo, em apresentação à imprensa. "Vislumbramos crescimento de consumo de materiais pelas famílias e pelas empresas", disse.
Um dos principais pontos é a esperada continuidade na redução da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, o que deverá se traduzir em queda nos juros dos financiamentos tanto para a construção quanto para aquisição de imóveis em algum momento dos próximos meses, ajudando a revigorar o mercado.
Segundo Castelo, também há uma expectativa de recuperação dos lançamentos de empreendimentos residenciais, puxado principalmente pela melhora nas condições do Minha Casa Minha Vida (MCMV), cujas novas regras entraram em vigor em julho. "Há um novo ciclo imobiliário que está claramente se desenhando, alavancado pelo programa", destacou.
Na parte de obras de infraestrutura, também há uma previsão de recuperação, baseada nos projetos já contratados dentro das concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Por fim, as eleições municipais tendem a acelerar investimentos das prefeituras em obras públicas.
O consumo de materiais de construção pelas famílias também deve ter uma melhora após anos seguidos de baixa, disse Castelo. "Depois de dois anos sucessivos de queda no consumo das famílias, agora vemos queda nos juros, inflação sob controle e possibilidade de volta do financiamento. Tudo isso deve ter um efeito positivo", contou. "Mas estamos falando de um crescimento ainda pequeno, sobre um base fraca", ponderou.
O vice-presidente de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, também disse esperar melhora no consumo de materiais pelas famílias. "Estamos vendo crescimento de emprego, ajudando na recuperação da renda de forma geral. Isso vai ajudar", afirmou. "Tanto que o PIB nacional esta sendo bastante sustentando pelo consumo das famílias, o que nos faz olhar com um pouco mais de otimismo."