Estadão

PIB de 2023 e indicadores apontam para atividade forte no 1º tri, diz economista do Santander

O crescimento da economia no ano passado e os indicadores correntes de atividade apontam para um crescimento forte do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2024, reiterou nesta quinta-feira, 22, a economista-chefe e sócia do Banco Santander, Ana Paula Vescovi, ao participar como palestrante do evento "Projeções Econômicas 2024: Desafios e Oportunidades no Cenário Brasileiro e Internacional", promovido pela Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil.

Para o ano de 2024, segundo Vescovi, o Departamento Econômico do banco trabalha com uma projeção de 1,5% de crescimento do PIB, ante uma previsão de 3% de expansão da economia no ano passado. O PIB agregado de 2023 está previsto para ser divulgado em 1º de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O principal fator de desaceleração do PIB este ano comparativamente a 2023, de acordo com a economista-chefe do Santander, será a menor contribuição dos segmentos relacionados às commodities. Vescovi também citou a continuidade em um patamar baixo da taxa de investimentos no Brasil, em 17% do PIB, como fator de desaceleração.

"As taxas de investimentos seguem baixas com incertezas sobre seu patamar futuro. A retomada dos investimentos será um fator importante para o crescimento nos próximos anos", disse a economista, reforçando que há também um delta negativo do agro, que no ano passado cresceu 15%. "Teremos ainda a segunda maior safra da história, mas haverá uma perda sim na produção", fez questão de frisar a economista, que durante o evento dividiu a mesa com o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.

Vescovi também discorreu um pouco sobre o PIB potencial do Brasil. Segundo ela, o País tem crescido em resposta aos estímulos dados pelos governos no Brasil e no mundo como um todo. "Investimentos de 17% do PIB não justificam o crescimento do PIB potencial. Ele se deve a estímulos que não só a economia brasileira tem recebido, mas como no mundo todo", disse Vescovi.

<b>Inflação</b>

A economista-chefe e sócia do Santander Brasil afirmou ainda que a inflação brasileira ao consumidor deverá fechar o ano em 3,4%, portanto abaixo do teto da meta, de 4,5%. "Chegaremos ao fim do ano com inflação em 3,4%, abaixo da meta", disse a economista para quem a inflação de serviços, por exemplo, deve desacelerar. "Vemos espaço para desinflação sim", disse.

E num cenário de inflação mais baixa e considerando suas novas previsões de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deve iniciar um ciclo de flexibilização da sua taxa de juros mais à frente, Vescovi prevê que a taxa básica de juro, a Selic, deva encerrar 2024 em 8,50%.

"Alteramos nossa previsão de Selic de 9,50% para 8,50% em 2024 dada a nossa visão de um ciclo de flexibilização do Fed nas nossas novas previsões", explicou a economista.

<b>Política fiscal</b>

Ao falar sobre a política fiscal, apesar de o governo ter fixado alguma metas no ano passado, Vescovi disse que o mercado não vê como possível a entrega de um déficit zero neste ano. "O mercado não vê esta execução", observou.

Contudo, ela diz ver um desempenho melhor das receitas federais no curto prazo, com um primeiro trimestre mais positivo, o que, na sua avaliação deixa os riscos fiscais mais distantes após o segundo trimestre.

"Possíveis notícias mais adversas incluiriam um desempenho mais fraco das receitas, fricções com o Congresso e pressão por mais gastos. Devemos estar atentos à pressão para aumentos salariais", disse a economista.

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