A intensa chuva que atingiu Petrópolis, na Região Serrana do Rio, na última terça-feira, 15, e causou a morte de pelo menos 178 pessoas deve provocar também uma perda de R$ 665 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) do município, segundo cálculo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O cálculo considera o impacto direto e foi obtido após pesquisa realizada com 286 empresas, de 16 a 18 de fevereiro. Entre os entrevistados, 65% dizem que as empresas foram diretamente afetadas e 85% delas ainda não tinham voltado a funcionar. Para os que já conseguiam vislumbrar uma normalização, a expectativa é de que o retorno total das atividades demorasse 13 dias, em média. Mas um em cada três entrevistados não soube dizer quando esse retorno será possível.
A pesquisa aponta ainda que 11% dos entrevistados que tiveram as empresas impactadas relatam desaparecimento ou morte de funcionários. "Vi empresários aos prantos diante da tragédia. Precisamos dar a mão para essas pessoas, para superar esse momento muito difícil. Fiquei muito chocado com o que vi em Petrópolis", lamentou o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.
Para assessorar gratuitamente as pequenas e micro empresas afetadas pela calamidade que atingiu o município, a Firjan instala em Petrópolis nesta segunda-feira, 21, o Centro de Atendimento ao Pequeno Empresário.
A pesquisa feita pela Firjan também avaliou as atividades das empresas. A linha de produção foi afetada em 35% delas. O impacto sobre a área administrativa foi relatado em 30% dos casos e sobre a área de vendas, por 35% dos entrevistados. As maiores dificuldades enfrentadas foram alagamento no entorno, citado por 77% dos representantes das empresas impactadas, e falta de energia elétrica e/ou de telefone, relatada por 60% deles. Além disso, 31% registraram alagamento no interior da empresa e 23% citaram danos na estrutura física, como quebra de equipamento, desabamento ou condenação de muros e paredes.
"É uma situação muito dramática. Os empresários de Petrópolis já estavam com um passivo, por conta da pandemia, e ainda veio essa tragédia. Precisam de um alívio financeiro. As empresas precisam retomar suas atividades, porque as pessoas que sobreviveram precisarão trabalhar, ter renda. Estamos instalando uma agência onde os empreendedores poderão conversar com grandes bancos para atravessar esta turbulência. O apoio financeiro é uma consequência. Entendemos que as instituições que reuniremos estarão flexíveis com relação aos passivos", afirma o presidente da Firjan.
O Centro de Atendimento ao Pequeno Empresário vai funcionar na Firjan Serrana (Rua Dom Pedro I, 579, no centro de Petrópolis) e contará com atendimento de instituições de crédito parceiras, como BNDES, AgeRio, Caixa Econômica, Sicoob e Sicredi. Nesta segunda-feira funciona das 15h às 17h e, a partir de terça-feira, 22, das 9h às 17h.
Medidas preventivas, o restabelecimento da ordem na cidade e ações emergenciais que impulsionem mais diretamente a qualidade de vida e a recuperação econômica foram destacados pelos empresários como as três principais frentes para a atuação do poder público. O presidente da Firjan informou que desde quarta-feira passada, 16, está em contato com os governos federal e estadual em busca de apoio.